O jornalista cubano Guillermo Fariñas, que passou mais de quatro meses em greve de fome para pedir a libertação de presos políticos doentes na ilha, deixou o hospital nesta quinta-feira, 29 de julho, e afirmou que quer voltar a escrever matérias o quanto antes, informou a agência EFE. À AFP, ele enfatizou que quer "escrever muito".
Yoani Sánchez, a mais famosa blogueira de Cuba, ainda não conseguiu permissão das autoridades cubanas para viajar ao Brasil, onde assistiria esta sexta-feira à estreia de um documentário que denuncia a censura na ilha, informou a agência EFE.
Omar Rodríguez Saludes, Normando Hernández González e Mijail Hernández Bárzaga haviam sido presos numa ofensiva contra dissidentes em março de 2003 e se juntam a outros seis jornalistas libertados pelo governo cubano, informou o Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ).
Os sete primeiros presos políticos libertados pelo regime cubano chegaram a Madri. Eles fazem parte do chamado "Grupo dos 75" - dissidentes presos e condenados a penas de até 28 anos durante uma ofensiva do governo cubano em 2003, informaram El Pais e a ABC.
Três jornalistas estão entre os primeiros presos políticos a serem libertados em Cuba, relatou o Comitê para a Proteção dos Jornalistas.
Guillermo Fariñas encerrou nesta quinta-feira sua greve de fome e sede de 135 dias, diante do compromisso do governo de Havana de liberar 52 presos políticos, incluindo dissidentes e jornalistas, informou a AFP. O motivo da greve de fome era pressionar o governo a libertar 26 presos de consciência que estão doentes.
"Estou consciente da proximidade de minha morte e a considero uma honra, pois trato de salvar a vida de 25 presos políticos e de consciência dos quais a pátria necessita como líderes", afirmou o jornalista cubano Guillermo Fariñas, em greve de fome há 130 dias para pedir a libertação de presos de consciência na ilha.
O Granma, jornal oficial do Partido Comunista Cubano, afirmou que o jornalista Guillermo Fariñas corre risco de vida, depois de quase 130 dias em greve de fome. Em uma extensa entrevista, o diretor da UTI do hospital onde ele está internado disse que os médicos estão se aproximando dos limites possíveis para salvar sua vida.
A Anistia Internacional denunciou que o repressivo sistema legal cubano tem gerado um clima de temor entre jornalistas, dissidentes e ativistas, "que enfrentam o risco de prisões arbitrárias e perseguição".
O jornalista dissidente Guillermo Coco Fariñas, em greve de fome e de sede há quatro meses, está em estado gravíssimo e corre risco de vida, diz o site Cubanet. Um coágulo na jugular esquerda, na altura do pescoço, poderia se deslocar para órgãos vitais como o coração, o cérebro, ou o pulmão, afirmou o jornal espanhol ABC.
Num momento em que jornalistas independentes enfrentam ameaças por publicar críticas ao governo e outros permanecem presos por seu trabalho, o jornal oficial do Partido Comunista cubano, o Granma, parece estar cada vez mais disposto a divulgar ideias críticas. Numa atitude inédita, o maior jornal da ilha publicou recentemente algumas cartas de leitores com opiniões contrárias às políticas econômicas na ilha, aponta Juan Tamayo no Miami Herald.
O jornalista independente Guillermo Fariñas vem recusando qualquer tipo de comida e bebida há quase três meses, para protestar contra o tratamento dos prisioneiros políticos na ilha. Sua história tem gerado cobertura nos meios de comunicação em português, inglês e espanhol. No sábado, Fariñas se tornou também uma importante fonte em matérias na imprensa estrangeira, revelando que o regime cubano havia concordado em transferir prisioneiros para locais mais próximos de suas famílias e hospitalizar aqueles que estejam doentes.