Advogados do Knight First Amendment Institute da Universidade de Columbia esperam que o fabricante do Pegasus, o NSO Group, seja responsabilizado em seu processo judicial em nome dos jornalistas salvadorenhos. Repórteres do site de notícias El Faro acreditam que o processo abrirá um precedente importante para a proteção de jornalistas em todo o mundo.
Quinze jornalistas do meio digital El Faro, de El Salvador, entraram com um processo em um tribunal dos Estados Unidos contra a NSO Group, empresa israelense que fabrica o spyware Pegasus. “É preciso criar um precedente para que as empresas que promovem este mercado de espionagem e os clientes que executam este programa saibam que suas ações têm consequências”, disse Julia Gavarrete, uma das jornalistas de El Faro que movem a ação na Justiça dos EUA.
Diante da recente escalada dos ataques às liberdades de imprensa e expressão em Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua, profissionais destes países se uniram para fundar a Rede Centro-Americana de Jornalistas. A guatemalteca Marielos Monzón, uma das fundadoras da Rede, falou à LatAm Journalism Review (LJR) sobre os objetivos e linhas de trabalho dessa iniciativa em defesa do jornalismo e do direito cidadão à informação.
Carlos Dada e sua equipe do El Faro têm iluminado os cantos sombrios de seu país e da região desde a fundação do veículo — a primeira iniciativa de mídia exclusivamente digital na América Latina — junto com o empreendedor Jorge Simán em 1998. Por causa disso, eles provocaram a ira de um governo cada vez mais autoritário.
Mulheres jornalistas em Cuba, Venezuela, Nicarágua e El Salvador devem enfrentar comentários misóginos, ameaças à sua integridade física e seu ambiente familiar e violações de sua privacidade. Nesta artigo, mostramos as experiências de mulheres que exerceram o jornalismo nesses países.
Em 2018, a Associação de Jornalistas de El Salvador apresentou um projeto de lei para a proteção de jornalistas. Depois de quase três anos, o esforço foi interrompido. A iniciativa foi arquivada quando o partido no poder Nuevas Ideas assumiu o controle da Assembleia Legislativa. As partes que retomaram a discussão no último minuto se responsabilizam entre si pela falta de aprovação.
Advogados destacaram o papel fundamental do apoio de organizações que defendem a liberdade de expressão no processo contra o comunicador e esperam que seu caso abra um precedente para que os pedidos de asilo de jornalistas perseguidos sejam levados mais a sério pelos tribunais de imigração.
Histórias sobre gangues e organizações criminosas, áreas de fronteira com a ambiguidade de seus limites e jurisdições, cidades urbanas marginais ou uma simples praça central de uma cidade tomada por cartéis de drogas são alguns dos temas e cenários latino-americanos onde os jornalistas da região podem encontrar suas melhores reportagens ou uma situação de vida ou morte.
Apenas três semanas após a divulgação de que dezenas de jornalistas em El Salvador foram alvo de espionagem digital, a Assembleia Legislativa do país aprovou nova legislação que cria a figura do “agente secreto digital” e permite que policiais acessem dispositivos eletrônicos e recolham dados para serem usados como provas em processos penais. Opositores à medida alegam que se trata da legalização da espionagem digital de cidadãos e que pode ser usada para perseguir jornalistas críticos ao governo.
Uma investigação confirmou que os telefones de 30 jornalistas salvadorenhos foram invadidos com software de espionagem Pegasus. O programa foi desenvolvido pela companhia israelense NSO Group. Em alguns casos, as datas das interceptações coincidem com a realização de investigações jornalísticas sobre o cenário político de El Salvador. Essas interceptações permitem total controle do aparelho: mensagens, ligações e extração de dados armazenados.
A Assembleia Legislativa de El Salvador deve aprovar a Lei dos Agentes Estrangeiros, que imporia um imposto de 40% sobre todas as transações financeiras de organizações sociais e jornalísticas no país, em sua maioria críticas e independentes, que recebem recursos do exterior
“Gostaria de ver este fórum como uma oportunidade para refletir sobre nossa situação, para iniciar uma conversa que nos leve a enfrentar juntos, mais organizados e acompanhados, a onda de ataques orquestrados ao jornalismo centro-americano de cada um de nossos governos. Juntos, organizados, vamos resistir melhor ”, disse o jornalista Carlos Dada no Fórum de Jornalismo da América Central.