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Falta de papel-jornal causa estado de emergência em diário venezuelano El Universal

Por Diego Cruz

O jornal venezuelano El Universal se declarou em estado de emergência nesta segunda, 5 de maio, por falta de papel-jornal, dizendo que sua atual reserva permite que continue publicando por no máximo duas semanas, de acordo com um comunicado do periódico. O meio se viu forçado a reduzir sua edição a apenas dois blocos de oito páginas, com o resto do conteúdo publicado em plataformas digitais.

Desde agosto de 2012, o controle de câmbio do país começou a impedir a importação de papel-jornal sem divisas proporcionadas pelo Estado, o que agora ameaça a sobrevivência de meios venezuelanos e já levou ao fechamento de mais de uma dezena de periódicos.

De acordo com a Associated Press (AP), são mais de vinte meios no total afetados pela crise, já que o Centro Nacional de Comércio Exterior venezuelano não os autorizou a comprar dólares oficiais. No caso de El Universal, o organismo tampouco nacionalizar – um passo necessário no processo – um carregamento de papel-jornal que está desde janeiro em La Guaira, um porto venezuelano.

Anteriormente o jornal já havia sido obrigado a reduzir o número de páginas diárias a 24 por falta de papel, enquanto que o El Nacional também precisou reduzir suas edições em mais de 40%.

Em abril, a organização colombiana Andiarios (Asociación Nacional de Diarios) mandou 52 toneladas de papel-jornal à Venezuela para os diários El Nacional, El Impulso e El Nuevo País para ajudá-los a sobreviver pelo menos mais um mês.

O director de El Nacional, Miguel Henrique Otero, disse em uma entrevista ao periódico mexicano El Universal que seu jornal só estava sobrevivendo graças aos atos de solidariedade de veículos na Colômbia e em outras nações latino-americanas.

“O governo não nos permite comprar dólares para poder adquirir o papel-jornal. Só permite aos jornais oficialistas”, disse Otero. “É um evidente mecanismo de censura que vem aplicando desde maio passado e seguimos fazendo nosso trabalho da única maneira que podemos”.

Desde agosto do ano passado os periódicos entraram em crise após fornecedores nacionais de papel-jornal deixarem de vender o produto. As reservas acabaram rapidamente, de acordo com a AP. Alguns jornais regionais fecharam, como “El Sol de Maturin”, “Notidiario”, “La Hora”, “Caribe” e “Antorcha”.

Nos últimos meses, Venezuela também enfrenta problemas de desabastecimento de bens básicos e alimentos, o que algumas empresas do país associam aos atrasos do governo em vender divisas para a importação de matérias-primas e insumos. Embora o governo venezuelano não tenha feito comentários sobre a crise de papel-jornal, o presidente Nicolás Maduro disse que o desabastecimento geral enfrentado pelo país era resultado de uma “guerra econômica” promovida por algumas empresas, de acordo com a AP.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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