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Proposta de lei quer limitar reportagens sobre crimes no norte do México

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  • 7 agosto, 2014

Por Dylan Baddour

Como se não bastasse ser uma das regiões mais perigosas do mundo para a cobertura de crimes, repórteres do norte do México agora enfrentam novos obstáculos supostamente criados pelas autoridades que deveriam protegê-los.

O governo do estado de Sinaloa aprovou uma legislação largamente criticada como uma "lei da mordaça" para reportagens sobre crimes, e em Tamaulipas, oficiais do governo são apontados como responsáveis por uma campanha para desacreditar a cobertura da mídia sobre o crime organizado.

A lei em Sinaloa, que impede o acesso dos jornalistas a cenas de crimes e limita as reportagens a declarações oficiais do procurador-geral do estado, "pode ​​ser parte de uma tendência estimulada pelo governo nacional do presidente Enrique Peña Nieto para minimizar notícias sobre a guerra do narcotráfico e outros tipos de violência, como forma de atrair investidores externos ", de acordo com o Los Angeles Times.

Um usuário do Twitter e blogueiro de Tamaulipas disse à Repórteres Sem Fronteiras que ele acredita que as ameaças contra ele são resultados da crítica que ele fez às operações policiais na batalha em curso contra o tráfico de drogas na região.

Uma rede de reportagem cidadã sobre o crime organizado havia sido desenvolvida em Tamaulipas por meio do Twitter e de blogs, após a mídia ter sido forçada a limitar sua cobertura em razão de ameaças e ataques de cartéis de drogas. Com hashtags como  #VigilantesM e #Reynosafollow, cidadãos começaram a postar informação sobre crimes e a atuação policial.

Rafael Cano, presidente do Fórum Nacional Mexicano de Jornalistas e Comunicadores, disse que a suposta "lei da mordaça" de Sinaloa "simplesmente serve para esconder a ineficiência" da polícia do governo no combate ao crime organizado, segundo o mexicano El Debate.

Sinaloa tem sido um epicentro significativo da indústria do narcotráfico, que vem financiando o crime organizado no México durante anos. O chefe do cartel de Sinaloa Joaquín "el Chapo" Guzmán foi capturado no início deste ano, mas um aumento da violência regional veio em seguida já que os grupos criminosos se reajustaram à sua ausência.

Batalhas entre gangues organizadas e a polícia também têm ocorrido em Tamaulipas, que faz fronteira com os Estados Unidos, com críticas frequentes à incapacidade dos governos estadual e federal para resolver o problema que já matou dezenas de milhares em todo o país na última década.

No estado mexicano de Guerrero, jornalistas se reuniram silenciosamente em uma manifestação pública de solidariedade para com os meios de comunicação de Sinaloa e para protestar contra a nova lei que limita jornalistas a declarações oficiais do governo sobre o crime e proíbe foto, vídeo ou gravação de áudio de suspeitos envolvidos no crime.

Os manifestantes em Guerrero usavam bandanas pretas ao redor dos olhos e bocas e carregavam cartazes que diziam "no México, a liberdade de trazer a verdadeira informação aos cidadãos está em risco", de acordo com o El Debate.

O governador de Sinaloa, que propôs a nova legislação para a assembléia provincial, disse que não tinha a intenção de "cometer excessos, muito menos restringir o livre exercício do jornalismo em Sinaloa", de acordo com a jornal venezuelano El Universal. Ao contrário, ele argumenta que a nova lei iria fortalecer a imprensa regional.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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