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Site de notícias em inglês renasce como a primeira plataforma para blogueiros comunitários na América Central

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  • 14 março, 2014

Por Ellie Holmes*

Após fechar por nove meses, o site de notícias em inglês The Nicaragua Dispatch voltou à Internet como a primeira plataforma jornalística com conteúdo principalmente produzido por blogueiros comunitários.

A publicação independente foi lançada originalmente em 2011 e foi descontinuada em julho do ano passado depois que seu editor e fundador, Tim Rogers, um jornalista americano que cobria a região havia 14 anos, deixou a Nicarágua para participar do reconhecido programa de Bolsas Nieman da Universidade de Harvard nos Estados Unidos.

O Dispatch voltou à vida este mês graças em parte a uma arrecadação de fundos feita pelo site Kickstarter em dezembro. O site agora convida blogueiros dentro a compartilhar seus artigos. Em suas primeiras semanas no novo formato, o site de notícias recrutou mais de 50 contribuidores.

"Foi uma operação de uma só pessoa no começo, onde havia contribuidores da comunidade ocasionalmente -- essa é a base de onde estamos partindo agora com o novo site Community Dispatch", disse Rogers em uma recente entrevista ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas. "Agora faço o papel de um editor fantasma -- na realidade sou mais como um limpador de manchas ou um porteiro que um editor".

Rogers busca que o Dispatch se torne uma plataforma aberta para uma "conversa relativamente sem curadoria" onde as únicas regras são escrever conteúdo relacionado à Nicarágua que não seja difamatório ou autopromocional.

O site também publicou algumas matérias em espanhol desde seu relançamento e buscará ter mais no futuro.

Rogers disse que a Nicarágua precisa de uma plataforma de notícias em inglês por muitas razões. Um grande número de nicaragüenses tem familiares nos Estados Unidos ou em outros países, e muitos deles falam inglês como seu segundo idioma.

Mas ainda mais importante, em um país onde o presidente só fala espanhol, o Dispatch oferece aos cidadãos do país um lugar onde se expressar livremente e discutir a vida política e social do país, disse Rogers.

"Os nicaragüenses apreciam nossa independência. O Nicarágua Dispatch é talvez a única publicação na Nicarágua que não está afiliada a uma família ou partido", disse.

Hoje em dia, a maioria dos meios na Nicarágua são controlados pelo Estado ou estão conectados ao governo de alguma forma, e os poucos jornalistas independentes no país têm de lidar com funcionários herméticos e antagônicos.

O presidente Daniel Ortega, por exemplo, nunca oferece conferências de imprensa, e sua família também não aceita responder perguntas da imprensa. Nos últimos dias de fevereiro, rumores de que Ortega havia morrido circularam por dias nas redes sociais antes dele reaparecer publicamente na semana pasada, contou Rogers.

"O presidente da Nicarágua é tão reservado que até a noite de 3 de março a gente nem sequer sabia se estava vivo ou morto", disse.

Dada a falta de transparência de Ortega, Rogers disse que há duas opções para obter notícias na Nicarágua: "Esperar que a primeira dama fale dos temas por sua própria conta e anotar suas palavras, ou encontrar informação em outras partes".

"Após anos ouvindo suas conversas banais", disse, "optei pelo plano B".

*Ellie Holmes é estudante da turma "Jornalismo na América Latina" na Universidade do Texas em Austin.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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