Por Samantha Badgen
Repórteres Sem Fronteiras denunciou que a jornalista investigativa colombiana Claudia Julieta Duque continua recebendo ameaças enquanto avança com a ação judicial contra os agentes do Departamento Administrativo de Segurança (DAS) que a submeteram nos últimos 10 anos a perseguições, tortura psicológica e até sequestro.
RSF indicou que as ameaças também atingem a família de Duque e seu advogado, que teme que o promotor encarregado do caso afete o procedimento por pressões externas, já que há membros do DAS que ainda mantêm relações próximas com autoridades.
As intimidações e agressões começaram em 2001, quando Duque realizou uma investigação sobre a morte de Jaime Garzón, também jornalista, assassinado em Bogotá em 1999. Duque conseguiu provar que membros do DAS estiveram envolvidos em muitos dos fatos que ela sofreu.
Os atos de intimidação foram persistentes desde que a jornalista da Radio Nizkor iniciou ações penais contra os agentes que a sequestraram e assediaram há mais de 10 anos, e pela primeira vez desde que os processos começaram foram registrados avanços quando Jorge Armando Rubiano Jiménez, ex-subdirector de Desenvolvimento Tecnológico do DAS, aceitou ser culpado de “tortura agravada”.
“Repórteres sem Fronteiras pede às autoridades colombianas que garantam a segurança da jornalista e de sua família, e que permitam que a justiça faça seu trabalho com toda independência, para que os autores das atuais ameaças, assim como os responsáveis pelo sequestro e tortura sofridos pela jornalista, sejam punidos”, observou Camille Soulier, responsável pelo Escritório Américas da RSF.
Embora Duque tenha proposto ações penais em 2004 pelas ameaças que recebeu, apenas em 2011 um Promotor da Unidade Nacional de Direitos Humanos decidiu abrir uma investigação formal contra sete ex-funcionários do DAS. Nesse tempo, a jornalista se viu obrigada a se exilar três vezes por ataques sofridos entre 2001 e 2009, disse RSF.
Em setembro de 2011, Duque pediu ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, para investigar uma ordem de atacá-la de que tomou conhecimento, e desde então as ameaças não diminuíram.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.