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Viúva e filha de jornalista nicaraguense assassinado recebem asilo político nos EUA

A viúva e a filha do jornalista Ángel Gahona, que foi morto no ano passado enquanto cobria protestos na Nicarágua, receberam asilo do governo dos Estados Unidos, informou o jornal La Prensa.

Migueliut Sandoval, que também é jornalista, e a filha Amanda Migueliut Gahona Sandoval receberam o status de asiladas políticas no dia 4 de dezembro de 2018, e com isso poderão contar com assistência médica, assistência financeira, serviços de emprego e assistência jurídica, entre outros benefícios, segundo o La Prensa.

Sandoval fez parte de uma comitiva que viajou a Washington D.C. em meados de 2018 para denunciar a repressão do governo nicaraguense, e com isso também passou a ser alvo de ameaças. Por meio de redes sociais, disseram que “eu ia perder a vida se eu continuasse pedindo justiça, se eu continuasse dando declarações ou se seguisse lutando por Nicarágua”, afirmou Sandoval ao La Prensa.

O jornalista Ángel Gahona foi morto a tiros em 21 de abril do ano passado em Bluefields, no nordeste da Nicarágua, enquanto fazia uma transmissão ao vivo de um protesto via Facebook.

Quatro meses depois, dois jovens afrodescendentes foram considerados culpados pelo assassinato do jornalista. A decisão judicial causou objeção por parte da família do jornalista, que acredita que os disparos teriam sido feitos por policiais e não por manifestantes.

Sandoval viajou com a filha para Miami em 16 de junho. Na ocasião, disse ao La Prensa, ainda não pensava em pedir asilo político.

"Embora seja verdade que no início eu não vim com esse pensamento (de pedir asilo), ao ver que minha vida estava em risco, assim como as vidas de outros jornalistas estavam em risco e tiveram que ir para o exílio em outros países, então eu tive que contar com essa mesma necessidade de me proteger e proteger minha filha", disse Sandoval.

A viúva e a filha do jornalista assassinado foram alvo de diversas intimidações, o que levou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) a adotar medidas cautelares para garantir a segurança da família.

A instabilidade política na Nicarágua e os ataques à imprensa foram intensificados em Abril de 2018, após uma onda de protestos teve início contra a reforma da previdência proposta pelo governo de Daniel Ortega. Entre Abril e Outubro de 2018, a Fundação Violeta Barrios Chamorro registrou 420 casos de violação à liberdade de imprensa no país. O assassinato de Gahona é o caso mais letal, mas recentes ataques também incluem o cerco policial à redação do jornal Confidencial e a prisão de executivos de mídia do 100% Notícias.

Estes incidentes levaram mais de 200 jornalistas estrangeiros a assinarem carta de repúdio condenando os ataques.

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