Por Dean Graber
As notícias sobre o assassinato de três jornalistas só no mês de janeiro, e de pelo menos 15 pessoas, a maioria adolescentes, assassinadas em uma festa de aniversário em Ciudad Juárez, chamaram a atenção do mundo para a violência ligada ao tráfico de drogas no México. Apenas nos 34 primeiros dias de 2010, mais de mil mortes foram atribuídas ao narcotráfico. Enquanto isso, os jornalistas imprensa mexicana se preparam para novos ataques.
Os editores do El Diario, de Ciudad Juárez, travaram uma forte discussão antes de decidir cobrir e investigar a chacina de 31 de janeiro, sabendo dos perigos de informar sobre delitos provavelmente vinculados aos cartéis da droga, diz a CNN. Se as notícias gerarem “reações”, o jornal terá de dar marcha-ré, explica um dos editores.
O presidente Felipe Calderón, que está em Tóquio esta semana para uma conferência sobre desenvolvimento econômico, garantiu que o México está tendo progresso no fortalecimento de suas forças policiais. Ainda que Calderón tenha falado sobre a força de trabalho do país e seus acordos de livre comércio, os ataques de Ciudad Juárez fizeram com que a delinquência no país fosse um tema forçado na conversa com os jornalistas japoneses.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, por suas siglas em espanhol) enviará uma missão ao México em 14 de fevereiro, para insistir com as autoridades federais e estaduais que é necessário uma maior coordenação na hora de proteger os jornalistas. A SIP reforça que já enviou 19 delegações ao México em 15 anos para tratar da liberdade de expressão e da impunidade. Nesse período, a SIP realizou no país seis conferências internacionais sobre violência, crime organizado e imprensa, além de oito seminários de capacitação de jornalistas sobre como lidar com situações de risco.
Em Ciudad Juárez, dezenas de familiares dos jovens assassinados culpam Calderón por não ter evitado o massacre. O Senado pediu explicações do governo de como foi possível a matança, dada a forte presença policial na cidade, acrescenta a Reuters.
Dessa forma, cresce a pressão enfrentada por Calderón para explicar o que ele pode e quer fazer a respeito, e quanto tempo vai levar para agir de fato.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.
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