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Após visitar jornalistas na prisão, membros do Parlamento Europeu pedem que Nicarágua libere presos políticos

Pela primeira vez, o diretor do 100% Noticias, Miguel Mora, e a diretora de notícias do mesmo meio de comunicação, Lucía Pineda, enviaram mensagens de vídeo da prisão, nas quais é possível ver as condições precárias de seu confinamento.

Jornalistas Lucía Pineda e Miguel Mora na prisão. (Reprodução)

Mora e Pineda, que foram presos pelo governo em 21 de dezembro na prisão conhecida como El Chipote, se reuniram com membros do Parlamento Europeu que visitaram a Nicarágua por três dias para avaliar a crise do país, reportou El Nuevo Diario.

"Quando entrei na cela de Miguel Mora, ele havia passado 35 dias sem poder ver o sol, pediu luz e uma Bíblia. Isso não é admissível. As condições da prisão são inadequadas", disse o deputado espanhol Ramón Jáuregui, segundo La Prensa.

Em 26 de janeiro, em uma coletiva de imprensa, a delegação exigiu que o governo de Daniel Ortega libere os presos políticos e que o cerco contra jornalistas e organizações da sociedade civil seja interrompido.

As mensagens que Mora e Pineda enviaram aos nicaraguenses foram transmitidas via Twitter por José Inácio Faria, um dos eurodeputados, segundo o La Prensa.

"Eles estão criminalizando a liberdade de imprensa, eles estão criminalizando a liberdade de expressão. Acredito que o governo deve reconhecer que isso é impossível se considera a Nicarágua um Estado democrático e se deseja um Estado de Direito", disse Mora em sua mensagem, segundo El Nuevo Diario.

Pineda e Mora enfrentam acusações de “fomentar e incitar ódio e violência” e “provocação, proposição e conspiração para cometer atos terroristas”, publicou a agência DW.

O diretor do 100% Noticias também disse em sua mensagem que o julgamento que o espera e Pineda tem um promotor, um juiz e a mídia que o cobrirá do lado do governo.

"O jornalismo nicaragüense não vai ceder, nós não mudamos de idéia, eles podem nos confinar, nos ameaçar, inventar julgamentos, nos prender, podem até nos matar, porque já mataram um camarada, podem nos ferir com uma bala, mas o compromisso do jornalismo da Nicarágua é manter a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa para que outras liberdades na Nicarágua possam retornar uma vez que Deus assim deseje", disse Mora.

O advogado de Mora e Pineda, Julio Montenegro, também advogado da Comissão Permanente de Direitos Humanos (CPDH), informou que os dois jornalistas ficaram 31 dias sem poder ver suas famílias e que Mora dorme no chão em uma cela escura, relatou Confidencial.

Em sua mensagem, Pineda pede aos nicaraguenses e ao mundo que continuem orando pela Nicarágua, publicou La Prensa. "O que eu digo é que orem e que sempre queremos liberdade porque não somos criminosos, no meu caso, sou jornalista", disse Pineda.

Pineda também pediu ao governo da Nicarágua que atendesse aos pedidos de seus parentes na Costa Rica e às autoridades daquele país, porque ela tem dupla nacionalidade como nicaraguense-costa-riquenha. No entanto, o Consulado da Costa Rica na Nicarágua informou que, apesar de estarem acompanhando de perto o processo contra o jornalista, nenhum membro da família na Costa Rica apresentou uma petição de repatriação, informou o El Nuevo Diario.

Na invasão policial do canal 100% Noticias na noite de 21 de dezembro, Pineda e Mora foram presos junto com Verônica Chávez, esposa de Mora, que foi libertada horas depois, segundo a Confidencial.

"Condições subumanas para prisioneiros de consciência. Condições subumanas nas prisões oferecidas pelo regime de Ortega. Peço liberdade imediata para esses cidadãos, que não são criminosos e que só amam seu país", afirmou Faria em sua conta no Twitter.

Após a visita, os eurodeputados alertaram o governo que, se a crise do país persistir, desencadeada pela própria repressão do governo, a União Europeia poderá tomar medidas judiciais em relação aos acordos de direitos humanos e democracia aos quais a Nicarágua está inscrita, publicou Confidencial.

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