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Connectas lança plataforma digital para o jornalismo investigativo transnacional na América Latina

Por Claudia Bueno y Silvia Higuera

Convencida de que a apuração jornalística cada vez mais ultrapassa a realidade local, a organização sem fins lucrativos Connectas, com sede em Bogotá (Colômbia), lançou um novo projeto que busca fomentar a produção e distribuição de trabalhos em jornalismo investigativo transnacional.

Connectas Hub é a nova plataforma pela qual jornalistas da região compartilham conhecimento sobre técnicas de investigação e informação de interesse público chave para o desenvolvimento das Américas. Atualmente a plataforma tem 143 membros de 15 países do continente americano.

“Na Connectas, vinhamos trabalhando sobre algo que chamamos as seis propostas para o jornalismo do novo milênio. Uma delas é a de que o trabalho do jornalista no novo milênio não é o trabalho de ermitão, é feito em colaboração com outros jornalistas e com outros conhecimentos”, disse Carlos Eduardo Huertas, diretor da Connectas, em entrevista ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas. “Outra proposta é olhar para assuntos além da realidade local. Compreender que uma situação ou uma notícia de um contexto específico pode ter derivações e conexões com outros entornos.”

Para que as produções jornalísticas tenham maior impacto e alcance regional, a Connectas Hub trabalha com 10 meios de comunicação aliados que incluem a Global VoicesPlaza PúblicaEl Nuevo HeraldEl Espectador, entre outros.

Os principais temas de trabalho publicados são sobre governança, direitos humanos ou alto impacto político, disse Huertas, que asegurou que o que permitiu consolidar esse esforço “foram os múltiplos reconhecimentos” que alguns dos trabalhos têm recebido nacional e internacionalmente.

Produções como Caso Chevron: relatos dos esquecidos, do Ecuador;  A casa branca de Peña Nieto do México; ou investigações transnacionais como O Novo Êxodo Latino, da Colombia e Chile; e Por que matam as mulheres na Guatemala, em Honduras e em El Salvador?, são alguns dos trabalhos reconhecidos.

“Uma das características é que permite juntar colegas com maior experiência, ‘mentores’, com colegas que estão em um processo de consolidação de suas carreiras. Isso é reflexo também do tipo de países que estão participando”, disse Huertas. “Há países com altos padrões de jornalismo investigativo e há países em que é preciso fortalecer. Mas em todos temos encontrado gente muito boa.”

Os países representados na iniciativa são Argentina, Chile, Colômbia, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, México, Nicaragua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Venezuela.

Para a jornalista Cecibel Romero, de El Salvador, fazer parte da iniciativa é uma grande oportunidade para criar conexões com colegas “interessados em fazer trabalhos de profundidade que explicam problemas sociais complexos que vivemos e que também tenham relevância para a comunidade”, disse em um vídeo publicado no portal da Connectas Hub.

Para Daniela Aguilar, do Equador, é importante saber que, não apenas se pode encontrar pessoas em que se pode confiar, mas também jornalistas que tentarão “fazer uma matéria em seu país que não apenas permitiria revelar mais situações, como também daria maior impacto para a publicação.”

Participar da Connectas Hub é gratuito e voluntário. Há diferentes opções para participar: uma é por meio das capacitações ofrecidas pela Connectas, em que ao final os participantes decidem se querem ingressar. A outra opção é que seja apresentado por algúm membro ou por alguma organização aliada da comunidade.

“Faço parte deste pequeno ‘exército de loucos’ que está levando adiante a ideia de impulsionar o jornalismo investigativo como ferramenta democrática e para que os governos prestem contas do que fazem com o dinheiro e com o poder que os cidadãos lhes dão”, disse o argentino Daniel Santoro. “Porque estou convencido de que uma das funções do jornalismo, além de informar, formar e entreter, é ser o cão de guarda da democracia, o controlador de todos os poderosos, seja na política, na economia ou na religião.”

O projeto foi criado com o Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, na sigla em inglês), organização sem fins lucrativos que promove a produção e difusão do jornalismo investigativo nas Américas.

Nota da redação: Rosental Calmon Alves, diretor e fundador do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, faz parte do Comitê Consultivo da Connectas.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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