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Diretor de emissora de TV pública colombiana se nega a listar funcionários homossexuais, como pedido por conselheiro municipal

O diretor do canal de TV público de Bogotá, capital de Colombia, se negou a entregar uma lista de funcionários que pertencem à comunidade LGBT -- Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros --, solicitada por um conselheiro da cidade, informou a Caracol Radio. Hollman Morris, diretor do Canal Capital, declarou que “razões éticas e princípios não me permitem perguntar a meus funcionários nem a qualquer pessoa que trabalhe comigo qual é sua orientação sexual”.

A polêmica começou quando o conselheiro Marco Fidel Ramírez solicitou uma lista e dos currículos de todos os funcionários homossexuais do canal, em 26 de outubro, explicou a revista Semana. Em e-mail enviado a várias organizações jornalísticas, Morris disse que Ramírez, também um pastor, mandou à emissora mais de 130 solicitações nos últimos dois meses, pedindo salários, vínculos contratuais e informações sobre as equipes técnica e jornalísticas do ‘El Sofá’ – talvez o primeiro programa LGBT produzido na América Latina, segundo Morris.

Desde agosto, Ramírez manifesta seus descontentamento com o canal, por conta do “desproporcional” privilégio que o atual governo de Bogotá estaria dando à comunidade LGBT, acrescentou o El Espectador. Para o conselheiro, o canal dedica seu horário nobre à comunidade LGBTI, de acordo com a revista Semana.

“Enquanto, no horário nobre, há três programas dedicados à comunidade LGBTI, a outras diversas comunidades não se dedica um único minuto”, disse o conselheiro segundo a revista.

Morris considerou que os argumentos de Ramírez sobre a exclusão de certas comunidades são uma reação às denúncias feitas pela emissora sobre “graves violações dos direitos humanos” a outras discussões que tiveram repercussão, Por exemplo, o canal obteve declarações do ex-líder da organização paramilitar AUC Salvatore Mancuso sobre um encontro com o ex-presidente colombiano Alvaro Uribe.

"As solicitações (do conselheiro) são ataques graves e discriminatórios contra a comunidade LGBT e vão contra o direito fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade”, disse Morris.

Para a Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP), o pedido do conselheiro pode gerar preconceito contra os jornalistas e os espaços de comunicação da comunidade LGBT. A FLIP pediu cuidado na diferenciação do que é um debate democrático e do que faz parte da esfera íntima das pessoas, como a orientação sexual.

A Federação Colombiana de Jornalistas (Fecolper) também ressaltou que os “julgamentos baseados na orientação sexual das pessoas criam desigualdades que prejudicam a convivência social”.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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