Por Giovana Sanchez
Um tribunal colombiano condenou um homem a prisão pelo assassinato do jornalista Luis Carlos Cervantes, ocorrido em agosto de 2014 em Tarazá, estado de Antioquia.
Cervantes estava sob o esquema de segurança da Unidade Nacional de Proteção (UNP), uma entidade governamental responsável por proteger jornalistas e outras pessoas em risco, desde 2012 até julho de 2014. O jornalista, diretor da emissora comunitária Morena FM, havia recebido ameaças de morte desde 2010, segundo a Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Segundo Noticias RCN, Cervantes recebeu várias ameaças de morte após denunciar publicamente casos de corrupção.
A proteção dada pelo Estado ao jornalista foi retirada apenas algumas semanas antes de seu assassinato. O governo disse que a decisão foi tomada com base em informação que apontava que não havia relação entre as ameaças e o trabalho jornalístico de Cervantes, segundo a Relatoria Especial.
A Relatoria informou em seu Relatório Anual 2014 que a última ameaça foi recebida 21 dias antes de Cervantes morrer, depois dele ter supostamente se negado a transmitir uma informação sobre grupos criminais na rádio.
Javier Vega Osorio, também conhecido como ‘Morroco’, foi condenado a 31 anos de prisão pelo assassinato de Cervantes, e pelos homicídios de um ex-prefeito de Tarazá e de outro homem, de acordo com Noticias Caracol.
Os investigadores disseram que os membros do grupo criminoso Clan Úsuga, ao qual Vega Osorio supostamente pertence, se reuniram em 2013 para planejar o assassinato de Cervantes, segundo Noticias RCN. A Procuradoria Geral da República informou que o grupo criminoso que matou Cervantes se referiu a ele como “sapo”, mas não informou sobre os possíveis motivos em seu comunicado.
A impunidade nos assassinatos de jornalistas sempre foi um problema na Colômbia. Contudo, as recentes condenações, a diminuição da violência política e um programa governamental de proteção fizeram com que o país deixasse o Índice Global de Impunidade 2015 do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ na sigla em inglês), segundo a organização. A lista classifica os países onde os assassinatos de jornalistas permanecem impunes. Para criar o índice, o CPJ só considera assassinatos sem resoluções ocorridos na década anterior e nos quais “se confirmou que o exercício do jornalismo foi o motivo do crime”.
No caso de Cervantes, o CPJ não determinou se o assassinato ocorreu em razão de seu trabalho jornalístico.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.