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Jornalismo perde na briga entre governo e imprensa na Argentina, afirma CPJ

O maior perdedor da briga do governo argentino com alguns meios de comunicação de seu país é o jornalismo. Assim estabeleceu o Comitê para a Proteção de Jornalistas, CPJ, num informe realizado pela jornalista Sara Rafsky, pesquisadora associada ao programa das Américas da organização.

No informa, publicado no último dia 27 de setembro no site oficial do Comitê, são apresentados os possíveis interesses de cada uma das partes da briga que deixam o cidadão com a sensação de não receber informação objetiva sobre questões políticas e econômicas fundamentais para o país.

Uma das brigas mais significativas que a presidenta do país, Cristina Fernández de Kirchner, mantém, é com o Grupo Clarín, o maior grupo de mídia da Argentina, dono do jornal mais lido do país: Clarín.

O governo manteve uma boa relação com o grupo até 2008, quando foram aumentados os impostos sobre os agricultores. O Grupo Clarín se colocou do lado dos agricultores, junto com o Grupo Nación, outro dos grandes conglomerados de mídia do país e dono do jornal com mesmo nome.

O governo os acusou de querer defender seus próprios interesses, pois esses grupos são os principais organizadores da Expoagro, a maior exposição agropecuária do país.

Denúncias contra o governo por casos de corrupção ou por apresentar falsos dados econômicos são frequentes por parte desses veículos, informou o relatório.

O governo, por sua parte, não fica para trás. Sua arma é financeira e envolve a concessão de publicidade oficial.

Na Argentina, a distribuição da publicidade oficial ou o critério para recebê-la não está regulamentada. O CPJ opinou que a distribuição arbitrária e discriminatória da publicidade deve ser proibida para evitar que esta seja vista como recompensa ou castigo para os meios. Segundo a Declaração de Princípios da Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a publicidade oficial tem a função de manter informada a sociedade sobre os serviços e as políticas públicas.

De acordo com o estudo “Quid pro quo: A publicidade oficial na Argentina e suas múltiplas facetas”, realizado pela organização sem fins lucrativos Poder Ciudadano mencionado pelo informe, a publicidade do governo para canais do Grupo Clarín entre maio e outubro de 2011 foi praticamente nula.

O informe acrescentou que a situação é ainda mais difícil para veículos pequenos locais, já que a publicidade oficial é seu único sustento.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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