Esta nota foi atualizada em 17 de maio* e 20 de maio**.
Um novo caso de assassinato de um jornalista no México ocorreu na manhã de 16 de maio, desta vez em Playa del Carmen, no Estado de Quintana Roo. De acordo com a Artigo 19 do México, o jornalista contava com medidas de proteção do mecanismo federal da Secretaria de Governo, porque ele havia sido agredido anteriormente.
O corpo sem vida de Francisco Romero, conhecido como Ñaca Ñaca, foi encontrado na saída de um bar, segundo Animal Político. Ao lado dele estava também a motocicleta em que ele viajava, informou Quintana Roo Hoy.
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) informou que o editor de Quintana Roo Hoy disse que a esposa de Romero afirmou que ele saiu de casa cedo no dia 16 de maio após ter recebido uma pista sobre uma notícia.
Romero era o administrador e diretor geral da página de notícias Ocurrió Aquí, no Facebook, e também colaborava com outros meios em Playa del Carmen, acrescentou o site.
"Exigimos uma resposta rápida das autoridades", escreveu a página Ocurrió Aquí no Facebook.
Romero também foi repórter e editor na já inexistente página no Facebook Semanario Playa News, segundo o CPJ. Dois jornalistas desta página, Rubén Pat Cauich e José Guadalupe Chan Dzib, foram assassinados há quase um ano. Pat Caiuch também estava sob o mecanismo federal de proteção.
Segundo Quintana Roo Hoy, onde Romero também trabalhava, o jornalista cobria especialmente temas judiciais e crime. De fato, uma das últimas histórias que ele cobriu foi um ataque armado em um bar em Playa del Carmen que deixou uma pessoa morta e 11 pessoas feridas, acrescentou o site.
Este ataque levou o governo do Estado a assumir o controle das forças de segurança do município de Solidaridad, ao qual pertence Playa del Carmen, segundo La Verdad.
O crime contra o jornalista ocorreu horas depois de o chefe da Secretaria de Segurança Pública do Estado ter recebido o comando das forças de segurança, informou a Excelsior.
Segundo o site La Verdad, a Procuradoria-Geral do Estado de Quintana Roo estava supervisionando a cena do crime em que o jornalista foi morto.
Além disso, a entidade estatal informou, por meio de uma declaração, que o comunicador havia recebido ameaças que haviam sido relatadas às autoridades.
"A vítima apresentou uma queixa em 12 de abril pelo crime de ameaças, da qual tomou conhecimento a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado e a Promotoria Especial para Crimes Cometidos contra a Liberdade de Expressão da Procuradoria-Geral da República", afirmou a promotoria do Estado em um comunicado publicado em sua conta no Twitter.
Quintana Roo Hoy também disse que ele havia sido ameaçado por meio de mídias sociais. E o CPJ afirmou que Romero disse à organização no ano passado que havia recebido ameaças por telefone.
Quintana Roo Hoy reportou que Romero havia sido raptado, espancado e depois deixado nos arredores de uma "colônia irregular". A publicação disse que o jornalista responsabilizou uma política local pela agressão e por qualquer coisa que pudesse acontecer no futuro. Não está claro quando esse suposto rapto aconteceu.
Alejandro Encinas, vice-secretário de direitos humanos, população e migração do governo federal, confirmou durante a coletiva de imprensa do presidente em 17 de maio que Romero fazia parte do mecanismo de proteção federal desde julho de 2018.
No dia em que ele foi assassinado, o guarda-costas de Romero estava com ele em sua casa, mas o jornalista decidiu sair e não contou a ninguém, segundo Encinas.
O vice-secretário disse que eles disponibilizaram uma casa para o jornalista na Cidade do México, mas que Romero decidiu voltar para Playa del Carmen. Ele também informou que a esposa do jornalista disse que o mecanismo estava fazendo o seu trabalho.
Encinas disse que eles vão rever as medidas oferecidas pelo mecanismo de proteção, particularmente perguntando aos que estão sendo atendidos por ele se as medidas estão sendo cumpridas.
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) postou em sua conta no Twitter que Romero é o sexto jornalista a ser assassinado no país até agora em 2019, segundo os registros da organização.
"Nenhum dos casos de assassinato chegou a uma condenação. Segue predominando a impunidade na grande maioria dos casos de violência contra jornalistas no México", escreveu a organização.
O caso mais recente antes desse aconteceu no dia 2 de maio, quando um jornalista de uma estação de rádio comunitária foi assassinado no Estado de Oaxaca.
*Esta nota foi atualizada para incluir comentários do governo federal sobre medidas de proteção oferecidas a Roemro. Também traz informações reportadas por Quintana Roo Hoy sobre agressões prévias contra o jornalista.
**Esta nota foi atualizada para incluir informações do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).