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Jornalista investigativo de Trinidad e Tobago deixa país após receber ameaças

O jornalista da equipe de investigação do canal caribenho CCN TV6 Mark Bassant se viu forçado a deixar Trinidad e Tobago na semana passada após ser ameaçado de morte, denunciou o Instituto de Imprensa Internacional (IPI).

Depois de receber várias ameaças de morte, Bassant recorreu ao Ministério de Segurança Nacional e denunciou a situação diretamente a um alto oficial de Inteligência. Em um vídeo publicado recentemente do seu exílio, o jornalista explica que esse mesmo oficial o alertou sobre um pagamento de 20 mil dólares por sua cabeça e que ele deveria tomar todas as precauções, incluindo ter segurança 24 horas por dia.

A investigação do jornalista sobre o assassinato da deputada Dana Seetahal, em 3 de maio, teria sido a causa das ameaças. Segundo o site da revista The Economist, Seetahal era uma grande defensora da reforma da justiça criminal no país, que conta com um dos mais altos índices de assassinatos da região, e com um sistema de justiça pós-colonial que demora cerca de 10 anos para chegar a um veredicto.

“Mudo constantemente de local para assegurar minha paz mental”, disse Bassant no mencionado vídeo. “Me incomoda que os jornalistas que trabalham em nome das pessoas sofram este tipo de ameaças”, ressaltou.

IPI pediu às autoridades de Trinidad e Tobago para tomarem medidas imediatas para assegurar que Bassant e outros jornalistas possam cobrir notícias relevantes para o país sem medo de represálias por exercer seu trabalho. “Condenamos estas ameaças contra Sr. Bassant, que revelam o perigo que correm os jornalistas mesmo em países como Trinidad e Tobago, onde este tipo de assédio é incomum”, observou a instituição.

O Instituto de Transparência de Trinidad e Tobago (TTTI na sigla em inglês), se disse “gravemente preocupado” com as ameaças de morte recebidas por Bassant, que segundo a entidade representam "um ataque à liberdade de imprensa, que deve ser condenado da maneiro mais forte possível".

Wesley Gibbings, secretário da Associação de Trabalhadores de Mídia do Caribe (ACM na sigla em inglês), disse que espera que a segurança nacional dê a prioridade necessária para resolver este caso e encontrar com rapidez os culpados. Também fez um chamado a todos os setores da sociedade civil para que defendam a liberdade de imprensa e reconheçam o valor do trabalho dos jornalistas de todo o Caribe.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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