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Jornalista mexicano é assassinado enquanto estava sob proteção do Estado em Veracruz

Outro jornalista de Veracruz, no México, foi assassinado. Desta vez, enquanto estava sob proteção do Estado.

Em 21 de julho, pessoas não identificadas atiraram diversas vezes no repórter policial Pedro Tamayo Rosas, na frente de sua esposa e filhos, do lado de fora de sua casa em Tierra Blanca. Ele morreu a caminho do hospital.

Ele é o décimo jornalista no México, e o terceiro no estado de Veracruz, a ser assassinado ou a morrer em circunstâncias pouco claras neste ano.

O Procurador Especial para a Atenção a Crimes contra Jornalista foi a Tierra Blanca para monitorar o trabalho da polícia, que deve seguir todas as linhas de investigação, inclusive se há relação com a atividade jornalística de Rosas, disse El Piñero de la Cuenca, o jornal no qual Tamayo Rosas era correspondente.

A Comissão Estatal para a Atenção e Proteção dos Jornalistas (CEAPP por sua sigla em espanhol) condenou o assassinato e disse que vai monitorar o trabalho das autoridades para que todas as linhas de investigação sejam apuradas.

Tamayo Rosas estava sob a proteção do CEAPP desde que foi ameaçado em janeiro de 2016, de acordo com Proceso. Naquele mês, ele deixou Veracruz, mas foi encontrado mais tarde em Oaxaca.

Um membro da família disse à AFP que pouco antes da morte de Tamayo Rosa, uma patrulha passou por sua casa fazendo a ronda diária.

Tamayo Rosas é "o primeiro repórter assassinado que contava com ‘medidas de precaução’ em nível local,” segundo Proceso.

Além de trabalhar para o El Piñero de la Cuenca, Tamayo Rosas colaborou com outros meios de comunicação em todo o estado.

Sin Embargo disse que ele escrevia sobre desaparecimentos, sequestros, descoberta de cadáveres, execuções e a entrega de policiais a membros de cartel.

"Ele trabalhava atualmente sob o pseudônimo de "En la línea de Fuego” (Na Linha de Fogo) e documentava casos de violência em sua cidade natal: Tierra Blanca," El Piñero disse em uma reportagem sobre sua morte.

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou o assassinato. Claudio Paolillo, presidente do Comitê de Liberdade de Imprensa e Informação da organização, disse que "chega de atos bárbaros contra jornalistas no México que são duplamente violentos devido à falta de justiça e à incapacidade de solucionar assassinatos e outros ataques."

2016 tem sido um ano mortal para jornalistas no México. Somente em junho, três jornalistas no México foram assassinados ou morreram em circunstâncias pouco claras. Elidio Ramos Zárate, um repórter do jornal El Sur, foi morto a tiros em Oaxaca em 19 de junho. A repórter freelance Zamira Esther Bautista foi baleada do lado de fora de sua casa, em Tamaulipas, em 20 de junho. E o apresentador de rádio comunitária Salvador Olmos García foi atropelado por um carro da polícia em Oaxaca, em 26 de junho.

Veracruz é considerado um dos estados mais perigosos no México para jornalistas, de acordo com organizações defensoras da liberdade de expressão.

Dois outros jornalistas de Veracruz também foram mortos neste ano. O editor-chefe do Noticias MT, Manuel Torres González, foi baleado no município de Poza Rica em 14 de maio. A repórter Anabel Flores Salazar foi sequestrada de sua casa em Veracruz, em 8 de fevereiro, e seu corpo foi encontrado na vizinha Puebla no dia seguinte.​

Após a morte de Tamayo Rosas, a organização de liberdade de expressão Artigo 19 do México disse que Veracruz era um Estado falido e que havia uma política de Estado para limitar a liberdade de expressão, de acordo com SinEmbargo.​

Ana Ruelas, diretora da organização, disse à agência de notícias que 17 jornalistas foram mortos durante o governo de Duarte. Ela enfatizou que a impunidade é um dos maiores problemas no estado e que as autoridades descartam o trabalho das vítimas como jornalistas.

El Piñero de la Cuenca exigiu justiça de Duarte e disse que "sua administração continua a ser cúmplice da barbárie."​

Autoridades do governo disseram que há 33 jornalistas em Veracruz sob "medidas de precaução", de acordo com Proceso.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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