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Jornalistas estrangeiros e venezuelano são liberados após terem sido detidos enquanto reportavam em prisão na Venezuela

O texto foi atualizado para incluir alguns comentários dos jornalistas após serem liberados.

Três jornalistas que realizavam uma reportagem na infame prisão de Tocorón, no norte da Venezuela, foram libertados no dia 8 de outubro após terem sido detidos pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB) por dois dias.

O jornalista italiano Roberto Di Matteo, o jornalista suíço Filippo Rossi e o repórter venezuelano Jesús Medina foram detidos depois que as autoridades da prisão souberam que Medina trabalha no site Dolar Today, de acordo com El País.

O jornal explicou que o site, que se encontra bloqueado pelo governo venezuelano, informa sobre a taxa de câmbio do mercado negro de moedas e publica artigos "contrários ao regime chavista".

Uma comissão formada pelo Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP), a organização de direitos humanos Foro Penal, a Ordem Nacional de Jornalistas (CNP) em Aragua e a Associação de Advogados foram a Tocorón para verificar as condições dos jornalistas, de acordo com o SNTP.

O sindicato disse não saber a razão pela qual os jornalistas foram detidos. O SNTP publicou uma foto, presumivelmente dos três jornalistas, de costas para a câmera, ladeados por dois guardas em frente a uma mesa com vários itens.

Por volta das 15h (hora padrão venezuelana), o Instituto de Imprensa e Sociedade da Venezuela (IPYS) postou no Twitter que os jornalistas foram liberados após terem sido apresentados em um tribunal. O instituto também afirmou que advogados e representantes das embaixadas italiana e suíça estiveram presentes na audiência.

Em um vídeo gravado depois da libertação dos jornalistas, Di Matteo disse que eles não foram agredidos e preferiu não comentar sobre a detenção. Ele disse que eles ficariam no país até o dia 15 de outubro e continuariam trabalhando, e agradeceu a todas as pessoas que os ajudaram. "Reportar não é um crime, continuaremos reportando", disse Medina.

O IPYS repudiou as detenções arbitrárias de jornalistas com o objetivo de proibir o trabalho de reportagem, o que, segundo o instituto, tem sido freqüente em 2017. A entidade também exortou as forças de segurança a garantir "integridade e segurança" dos jornalistas.

Pelo menos 39 jornalistas e fotógrafos que cobrem a situação política, econômica e social na Venezuela para meios de comunicação estrangeiros foram ameaçados, detidos ou expulsos do país durante o governo de Nicolás Maduro, segundo o site Efecto Cocuyo.

Recentemente, o jornalista holandês Bram Ebus foi detido pela Guarda Nacional Bolivariana em 21 de setembro enquanto trabalhava em uma reportagem sobre a exploração do Arco Minero del Orinoco e seu impacto ambiental. Ele e seu motorista, que também foi detido, foram liberados pouco depois.

Tocorón, cujo nome oficial é Centro Penitenciário de Aragua, é a prisão mais populosa da Venezuela e tem cerca de 7.000 presos, de acordo com InSight Crime.

A agência Efe informou que "a mídia venezuelana afirma que seqüestros, extorsão de cidadãos e tráfico de alimentos, bem como outros crimes, são organizados a partir da prisão". Também disse que o novo plano do governo para "pacificar" as prisões ainda não foi implementado em Tocorón.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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