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Justiça absolve homem envolvido em tentativa de assassinato contra fundador da revista mexicana Zeta

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  • 11 setembro, 2013

Por Larisa Manescu

Um homem envolvido na tentativa de assassinar o fundador e ex-editor da revista mexicana Zeta em 1997 foi absolvido das acusações na quinta-feira, 5 de setembro.

Marco Quiñones Sánchez, “El Pato”, foi preso em 2003 acusado, entre outras coisas, de trabalhar como pistoleiro para o cartel de Tijuana e tentar assassinar o jornalista Jesús Blancornelas. O ataque resultou na muerte do guarda-costas de Blancornelas e deixou o editor de Zeta com uma grave ferida na coluna vertebral.

As matérias da mídia mexicana na segunda-feira não ofereceram maiores informações sobre a decisão do juiz federal que rejeitou as acusações contra Sanchez.

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas disse estar "indignado" com a decisão de absolver Sánchez do crime.

"Zeta foi alvo constante dos grupos criminosos por seu implacável trabalho jornalístico sobre o narcotráfico", disse Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. "Esta decisão envia uma mensagem claramente inibidora à imprensa mexicana e destaca o terrível registro de impunidade do México em casos de assassinatos de jornalistas".

Blancornelas e a revista Zeta receberam vários prêmios por sua cobertura e investigações. Em 1996, CPJ deu a Blancornelas o Prêmio Internacional à Liberdade de Imprensa. Também recebeu o Prêmio Mundial UNESCO-Guillermo Cano à Liberdade de Imprensa em 1999, e o Prêmio Nacional de Jornalismo do México em 2001.

Fundado em 1980 em Tijuana, a revista Zeta é conhecida por suas matérias investigativas e de profundidade sobre a corrupção e o narcotráfico, algo notável em um país onde muitos meios abandonaram ou limitaram sua cobertura do crime organizado.

Contudo, seu trabalho tornou os repórteres da revista alvos de criminosos. Héctor Félix Miranda e Francisco Ortiz Franco, co-fundadores da revista, foram assassinados em distintos ataques em 1988 e 2004, respectivamente.

Após a morte de Ortiz, Blancornelas insistiu que nenhuma assinatura a não ser a sua apareceria nas reportagens da revista, já que recebia proteção governamental 24 horas por dia de mais de uma dúzia de soldados depois de ter sofrido uma tentativa de homicídio sete anos antes.

Blancornelas morreu em 2006 aos 70 amos de câncer estomacal.

México se tornou um dos países mais perigosos para o jornalismo no continente americano. Segundo o CPJ, 76 jornalistas foram assassinados desde 1992. O número está dividido em duas categorias: 28 dos assassinatos estão relacionados com o trabalho das vítimas, enquanto que os motivos dos outros 48 ainda não foram verificados. Do total de vítimas, 79% cobriam polícia e 29% corrupção, embora alguns jornalistas trabalhassem em mais de uma área.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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