Ocupando os mesmos lugares de 2020, México e Brasil são os países da América Latina que fazem parte da lista de lugares onde crimes contra jornalistas ficam impunes, realizada anualmente pelo Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ).
O Índice de Impunidade Global 2021 colocou o México em 6º lugar, com 27 crimes não resolvidos, e o Brasil em 9º, com 14 homicídios não resolvidos na última década, ou seja, entre 1º de setembro de 2011 e 31 de agosto de 2021.
De acordo com o índice, apesar de o México ter tido “condenações-chave” nos homicídios dos jornalistas Javier Valdez Cárdenas e Miroslava Breach Velducea em 2020 e 2021, “os meios de comunicação continuam a ser atacados com uma frequência alarmante”.
Assim, por exemplo, o CPJ documentou que até 31 de agosto deste ano pelo menos três jornalistas foram assassinados no México com "absoluta impunidade". Os assassinatos registrados pelo CPJ são os de Gustavo Sánchez Cabrera, ocorrido em 17 de junho na cidade de Morro Mazatán, no estado de Oaxaca; Ricardo Domínguez López, no dia 22 de julho na cidade de Guaymas, no estado de Sonora; e Jacinto Romero Flores, em 19 de agosto em Ixtaczoquitlán, estado de Veracruz.
Em 2020, a organização registrou quatro casos de assassinatos no México. Segundo o CPJ, esse número é superado apenas pelos casos de jornalistas assassinados no Afeganistão.
No caso do Brasil, a organização destacou o assassinato de Evany José Metzker, cujo corpo decapitado foi encontrado em 18 de maio de 2015 na periferia da cidade de Padre Paraíso, no estado de Minas Gerais. Seu corpo foi encontrado com as mãos amarradas, seminu e com sinais de tortura, e sua cabeça foi encontrada a 100 metros do resto do corpo.
O jornalista morava em outra cidade e viajou para lá para fazer um trabalho de investigação, disse a sua esposa ao CPJ. De acordo com a imprensa local, Metzker estava investigando uma rede de prostituição infantil e dias antes de seu assassinato publicou uma entrada em seu blog com uma imagem no estilo do Velho Oeste com a frase "Bem-vindo a Padre Paraíso" e "Não há regras ou leis aqui”.
Nos últimos três anos, o Brasil não registrou casos de assassinatos de jornalistas em que se possa confirmar que o crime ocorreu devido ao trabalho jornalístico, segundo o CPJ.
Globalmente, 81% dos assassinatos de jornalistas nos últimos 10 anos ficaram impunes, de acordo com o CPJ. Segundo a organização, dos 278 casos de homicídios cometidos na última década em um contexto de corrupção, crime organizado, grupos extremistas e retaliação governamental, 226 continuam impunes.
Os cinco primeiros no índice são a Somália, Síria, Iraque, Sudão do Sul e Afeganistão.
O índice do CPJ calcula o número de homicídios de jornalistas não resolvidos em relação ao tamanho da população de cada país. Para o CPJ, os casos são considerados sem solução quando não há nenhuma condenação.
Esta matéria foi escrita originalmente em espanhol e traduzida por Marina Estarque