A Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP) da Colômbia repudiou as ameaças contra jornalistas Jineth Bedoya Lima e Salud Hernández Mora, além de líderes políticos e sociais, supostamente feitas por um bloco do grupo armado ilegal Águilas Negras por meio de um panfleto. A organização também exigiu que as autoridades garantam proteção para que os jornalistas possam continuar com seu trabalho.
As ameaças foram reportadas em 27 de novembro, por meio do Twitter da representante da Câmara Ángela Robledo, uma das sete mulheres ameaçadas no suposto panfleto do grupo. Robledo disse que recebeu o documento por e-mail.
"Vamos dar alguns dias para que vocês deixem a cidade de Bogotá, já localizamos todas para enchê-las de chumbo. Não é um jogo", lê-se no documento, supostamente assinado pelo Águilas Negras — um grupo formado após a desmobilização do grupo paramilitar Autodefensas Unidas de Colombia (AUC).
Embora o panfleto tenha data de outubro de 2017, Robledo reportou seu conteúdo apenas recentemente, dizendo ter recebido o documento alguns dias atrás, informou o El Espectador.
Bedoya Lima e Hernández Mora são duas jornalistas reconhecidas que cobrem o conflito armado colombiano há anos. Hernández Mora, jornalista espanhola-colombiana, foi seqüestrada junto com outros repórteres em maio de 2016 pelo grupo guerrilheiro ELN. Esta é a quarta ameaça que Bedoya Lima recebeu desde que viajou para Cuba como uma das representante das vítimas no âmbito do processo de paz entre o governo colombiano e as FARC, de acordo com a FLIP.
A FLIP exigiu que a Unidade Nacional de Proteção (UNP) garanta a segurança necessária para que as jornalistas continuem com o seu trabalho, exigindo também que a Procuradoria Geral da República investigue essas ameaças para garantir a liberdade de imprensa no país.
"É inadmissível que essas ameaças não tenham sido esclarecidas. A impunidade desses ataques à liberdade de imprensa encoraja a repetição da intimidação como mecanismo de censura", afirmou a FLIP sobre as repetidas ameaças contra Bedoya Lima."Finalmente, instamos o governo nacional, especialmente o Ministério da Defesa e Ministério do Interior, a oferecer respostas sobre a extensão dessa intimidação e as medidas que serão tomadas para garantir a liberdade de imprensa".
O Provedor de Justiça da Colômbia também exigiu que a Procuradoria Geral da República investigue as ameaças contra as mulheres, incluindo a senadora e candidata à presidência Claudia López; a alto conselheira para Vítimas, Paz e Reconciliação, Ángela Anzola; a candidata à vice-presidência da Colômbia pelo grupo político das FARC, Imelda Daza; bem como a líder social Luz María Díaz, de acordo com o site Crónica Viva.
"O Provedor de Justiça rejeita qualquer ato de violência dirigido às defensoras, líderes, jornalistas e, em geral, a todas as mulheres que, através do exercício de suas funções em defesa de direitos são vítimas de ameaças; esta situação limita o pleno desenvolvimento dos seus direitos, especialmente quando a vida, a liberdade e a segurança ficam comprometidas", afirmou a entidade em comunicado.
Embora a violência letal contra jornalistas tenha diminuído na Colômbia — em 2016, não houve casos registrados de jornalistas mortos por razões relacionadas ao seu trabalho, e um caso está sendo investigado este ano — organizações como a FLIP relataram que ameaças e outras formas de censura aumentaram no país. Do mesmo modo, foram altas taxas de impunidade em crimes contra comunicadores.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.