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Polícia da Nicarágua toma escritórios do La Prensa, anuncia investigação e detém gerente geral

* Este texto foi atualizado

 

O jornal nicaraguense La Prensa está sendo investigado, e os trabalhadores foram proibidos de entrar no prédio, localizado em Manágua, depois que a polícia nacional fez uma operação na redação, em 13 de agosto.

No mesmo dia do confisco, a Polícia Nacional anunciou que iniciou uma investigação contra a Editorial la Prensa S.A. e seus executivos por supostas fraudes alfandegárias e lavagem de dinheiro, mercadorias e ativos. Acrescentou que as instalações do La Prensa permanecerão sob custódia policial.

Investigation of La Prensa

Juan Lorenzo Holmann Chamorro, gerente geral da Editorial La Prensa S.A., também está sendo investigado por suposta fraude alfandegária e lavagem de dinheiro, mercadorias e ativos, informou a Polícia Nacional em 14 de agosto, dia em que Chamorro foi oficialmente detido.

No domingo, 15 de agosto, um chefe de polícia do lado de fora do La Prensa disse aos repórteres que nenhum trabalhador poderia entrar no prédio na segunda-feira e que uma “extensa investigação” estava ocorrendo, informou o jornal. O policial também disse que cinco trabalhadores foram chamados a depor.

Em 16 de agosto, o promotor público disse que uma prisão judicial de 90 dias havia sido solicitada e emitida para Holmann.

Além disso, o escritório informou que durante a operação de busca no La Prensa, as autoridades encontraram "30 caixas de documentos relativos à Fundação 'Violeta Barrios de Chamorro', atualmente investigada pelo Ministério Público".

A fundação, que promovia a liberdade de imprensa e o jornalismo independente na Nicarágua, está sendo investigada por suposta lavagem de dinheiro, bens e ativos, além de supostamente ter recebido recursos de fontes estrangeiras para cometer atos ilícitos, informou o promotor.

A polícia assumiu o controle do jornal um dia depois que a publicação, de 95 anos, anunciou que não teria mais uma edição impressa diária devido à falta de suprimentos retidos na alfândega. Agora, não há mais jornais impressos diários na Nicarágua.

Reação nacional e internacional

Depois que a polícia invadiu o jornal, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão observaram via Twitter que o servidor interno do jornal foi supostamente desligado e o acesso à internet supostamente cortado durante a operação. Também disse que os trabalhadores foram mantidos incomunicáveis.

A CIDH e o Relator Especial condenaram “a constante perseguição oficial à imprensa na Nicarágua e lembraram que as pressões diretas ou indiretas destinadas a silenciar o trabalho da imprensa afetam o debate democrático e são incompatíveis com o direito à liberdade de expressão”.

A CIDH posteriormente condenou a detenção de Hollman e fez "um forte apelo para que todas as pessoas detidas arbitrariamente sejam libertadas imediatamente".

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) se manifestou contra a “operação ilegal” nos escritórios do La Prensa e a detenção de Holmann. A SIP disse que Holmann é o 33º preso político do regime do presidente Daniel Ortega e da vice-presidente Rosario Murillo.

“Já nos faltam palavras para denunciar a ditadura de Ortega, que a cada dia mostra como o regime tira opositores e críticos do caminho”, disse o presidente da SIP, Jorge Canahuati, segundo nota da organização.

Carlos Fernando Chamorro, diretor do veículo de mídia digital Confidencial, cuja sede foi invadida duas vezes pela polícia, escreveu um editorial em 16 de agosto relembrando a resiliência do La Prensa em face de agressões anteriores.

Carlos Fernando Chamorro, diretor do meio digital Confidencial, cuja sede foi alvo de operações duas vezes pela polícia, escreveu um editorial em 16 de agosto relembrando a resiliência do La Prensa diante de agressões anteriores.

“Em 10 de janeiro de 1978, os pistoleiros da ditadura de Somoza assassinaram meu pai Pedro Joaquín Chamorro, diretor do La Prensa, que modernizou o jornalismo nacional e construiu a 'República de Papel', mas nunca conseguiram matar suas idéias”, escreveu.

No ano seguinte, a guarda nacional destruiu o La Prensa com aviões e tanques, lembrou.

“Agora, 42 anos depois, o medo que a nova ditadura tem da liberdade de imprensa e das eleições livres levou à tomada do La Prensa, sob outro pretexto, mas com o mesmo objetivo de tentar silenciar um meio de comunicação independente”, escreveu Chamorro.

Até esta segunda-feira, 16 de agosto, o La Prensa ainda está publicando em seu site e nas redes sociais.

* Este texto foi atualizado para incluir que Holmann foi condenado a detenção por 90 dias e que o promotor público disse ter encontrado material relacionado à Fundação Violeta Barrios de Chamorro no La Prensa.

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