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Policiais agridem e obrigam jornalista venezuelana que cobria a transferência de presos a ficar nua

Agentes do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC) detiveram uma jornalista e um fotógrafo e os submeteram a agressões físicas, verbais e humilhações quando estes cobriam o transporte de presos de alta periculosidade no dia 19 de junho.

A jornalista Beatriz Lara e o fotógrafo Alfredo Paradas, ambos do jornal El Aragueño, foram acusados pelos funcionários de querer facilitar a fuga destes presos, razão pela qual teriam sido não apenas detidos, mas agredidos e humilhados. A repórter foi obrigada a tirar a roupa para provar que não levava armas, informou o Instituto Imprensa e Sociedade (IPYS) Venezuela.

“Me puxaram pelo cabelo e golpearam minha cabeça contra a parede, fui obrigada a me colocar ban mi frente contra la pared, fui obligada a ficar de quatro para revisassem minhas partes íntimas e provar que não tinha nenhuma arma. Me algemaram junto a meu companheiro em um poste. Só nos restou orar”, disse Lara em conversa com o IPYS.

O jornalista José Luis Camejo, de Globovisión, foi testemunha da detenção dos comunicadores e, ao perguntar sobre a irregularidade dos fatos, foi ameaçado de ser detido também. Camejo não pôde deixar o seu veículo, segundo IPYS e Espacio Público.

Após horas de detenção, os jornalistas foram liberados. Os funcionários pediram desculpas pelo ocorrido e afirmaram “estar muito tensos e o subinspetor, estressado”, informou IPYS.

Os comunicadores foram acusados de, além de conspirar para fuga de réus, obstrução à justiça e resistência à autoridade. As acusações foram retiradas depois que os jornalistas foram liberados, informou El Carabobeño.

A Federação Nacional de Jornalistas de Aragua, exigiu “acionar o Ministério Público do estado de Aragua, a Defensoria Pública e todas as instâncias de proteção à mulher para que iniciar uma investigação sobre o episódio que mostra a falta de moral de alguns integrantes dos corpos de segurança do estado”.

O CNP pediu que os funcionários fossem sancionados com todo o rigor da lei, já que sua atuação “fragiliza os direitos fundamentais do ser humano”. “Não podemos permitir que fatos tão aberrantes como estes se tornem o pão de cada dia dos jornalistas que saem às ruas pra cumprir com o seu dever de informar”, acrescentou o comunicado.

A ONG Espacio Público também condenou os fatos, que “violam os Direitos Humanos”, e solicitou “um processo de investigação para determinar quem foram os responsáveis pelas agressões contra os jornalistas e puni-los”.

A Secretaria do Poder Popular para os Assuntos da Mulher e Igualdade de Gênero “ativou os mecanismos necessários” para oferecer atenção à jornalista e ao fotógrafo do jornal, informou El Aragueño. O jornal também informou que o caso foi denunciado ao Ministério Público do estado, e que a jornalista está recebendo assessoria legal e psicológica.

IPYS Venezuela e o CNP de Aragua ressaltaram que o episódio constitui a segunda agressão a um comunicador social na mesma região até agora, apenas este ano.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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