Diferentemente do México, onde dezenas de jornalistas foram assassinados na última década, na Venezuela os profissionais não enfrentam um clima permanente de risco de morte, mas sofrem pressão “sistemática” do governo, cujos simpatizantes são responsáveis por 28% das agressões contra a imprensa no país, denunciou o Instituto Imprensa e Sociedad (IPYS).
"Diferentemente de outros países vizinhos como México, Colômbia e Guatemala, onde poderes à margem do governo e da sociedade atentam contra a integridade física e a vida dos jornalistas, na Venezuela esses atos são cometidos pelo Estado", afirmou Ewald Scharfenberg, diretor executivo do IPYS ao apresentar o relatório “Mídia Asfixiada: A liberdade de Imprensa na Venezuela 2008-2010”.
Segundo o estudo, entre maio de 2008 e maio de 2010, foram registrados 236 ataques contra jornalistas, 147 deles entre maio de 2009 e maio de 2010 - o número mais alto desde que a organização começou a contabilizar as agressões contra a imprensa, em 2002, informou a EFE.
De acordo com Scharfenberg, na Venezuela há uma “grande impunidade” para os ataques contra a imprensa, “o que pode incentivar os agressores”. Por isso, para ele a medida “mais eficiente e prática” de proteção aos jornalistas e aos veículos seria o presidente Hugo Chávez declarar publicamente que condena tais atos.
Mas o relatório ressalta que a imprensa sofre mais com os mecanismos de censura indireta , tais como "o uso da publicidade oficial para castigar e premiar, a abertura de processo contra jornalistas que não levam a nada e a compra de veículos com dinheiro público”, disse Scharfenberg, citado pelo El Universal.
O documento assinala ainda que a violência coincide com períodos eleitorais e, por isso, o diretor do IPYS sublinha: “a mesa está servida para que 2012 seja um ano perigoso para a imprensa”, por conta das disputa pela Presidência, acrescentou o El Nacional.
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Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.
