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"Tuitômetro" do Fundamedios monitora discurso oficial contra a imprensa no Equador

Por meio de contas de Twitter de funcionários ou de instituições públicas do Equador foram publicados 1.384 tweets com desqualificações, refutações ou discursos discriminatórios para a imprensa do país entre junho de 2012 e novembro de 2015.

Este foi o número econtrado pelo estudo"Tuitômetro: A batalha em 140 caracteres”, realizado pelo Observatório de Mídia (OME) da ONG Fundamedios Equador, e publicado em 17 de maio, no dia da Internet. Para isso, foram analisadas 27 contas pertencentes a 13 servidores públicos, 7 legisladores governistas, 6 instituições públicas e uma alta dirigente política oficialista.

De acordo com o estudo, além dos 1.384 tweets contra a imprensa, outros 3.108 tweets deste tipo foram publicados nessas mesmas contas contra políticos da oposição e sociedade civil.

O presidente do país, Rafael Correa, ocupa a terceira posição entre os funcionários com o maior número de tweets ofensivos contra a imprensa, com um total de 119. O primeiro da lista é o ministro do Turismo, Fernando Alvarado (449 tweets), seguido pelo subsecretário nacional intergovernamental, Roberto Wolhgemuth (166). Em quarto e quinto lugares estão a primeira vice-presidente da Assembleia Nacional, Rosana Alvarado (77), e o ministro do Interior, José Serrano (72), respectivamente.

Sobre o presidente Correa, o estudo observa que desde que seu governo começou, ele tem depreciado a imprensa em diferentes cenários, tais como conferências de imprensa, palestras ou encontros com cidadãos; ele, inclusive, declarou a mídia como um dos seus maiores inimigos.

Nos últimos cinco anos, ele também o fez por meio das redes sociais como Twitter e Facebook. Em 24 de janeiro de 2015, ele declarou uma "batalha pela dignidade e verdade nas redes sociais" contra a imprensa e a oposição durante uma transmissão nacional, o estudo acrescentou.

Esta batalha tem sua própria estratégia. De acordo com o estudo, depois de analisar 27 quatro contas, foram encontrados quatro recursos discursivos, ou seja, que “com características de uma série de frases usadas para argumentar um ponto de vista."

Essas quatro categorias são: 1) a verdade oficial, a verdade absoluta - centrada em desmentir continuamente as publicações de imprensa que estão na sua opinião 'distorcidas' ou tiveram solicitações de correções; 2) dupla moral - acusação de que os veículos têm um "padrão duplo" ao relatar; 3) onde estão, o que dizem - comentários sobre como a imprensa iria reagir a certos eventos e 4) insultos e queixas puras e duras.

O estudo também encontrou 185 tags (hashtags) que acompanharam essas mensagens como #EcuavisaMiente, #VendePatria, #MediosSinViolencia, #FueraGolpistaFuera ou #Caretucos (que significa sem-vergonha).

“As redes sociais, neste caso, o Twitter, é apenas um link em um conjunto de mecanismos de pressão do governo contra a liberdade de imprensa como a Lei das Comunicação, correntes ou o abuso de retificações e réplicas", diz o estudo.

Este é o primeiro estudo do tipo no país e segundo na região. O Instituto Imprensa e Sociedade (IPYS, na sigla emespanhol) Venezuela fez "Tuitômetro do governo na Venezuela: queixas oficiais em 140 caracteres".

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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