Brasil, México e Colômbia -- três dos 12 países do mundo com cinco ou mais casos ainda não solucionados de assassinatos de jornalistas -- de novo se encontram no Índice Anual de Impunidade do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), divulgado no dia 17 de abril. O levantamento, publicado pela primeira vez em 2008, registra casos de jornalistas assassinados por causa do trabalho entre 01/01/2002 e 31/12/2011. Pelo quinto ano seguido, o Iraque está no topo da lista, com 96 casos não solucionados na última década.
"Violência fatal e impune contra jornalistas geralmente leva à autocensura", diz o CPJ.
Depois de voltar ao índice em 2011, o Brasil não só permaneceu na lista, como ganhou uma posição em 2012: saiu da número 12 para a de número 11. Segundo o CPJ, cinco assassinatos de jornalistas permanecem impunes nos últimos dez anos. Apesar de algumas condenações de responsáveis por ataques contra profissionais de imprensa, "dois casos de assassinato em 2011 revelam os riscos enfrentados por jornalistas do interior que cobrem corrupção, política e crime", explicou o comitê.
A divulgação do levantamento coincide com a decisão do Brasil -- junto com Índia e Paquistão, que também estão na lista do CPJ-- de bloquear proposta da ONU em favor da segurança de jornalistas.
Embora a situação da Colômbia tenha melhorado um pouco, com a queda do número de assassinatos e alguns julgamentos, o país ainda é o quinto colocado no índice, pelo segundo ano consecutivo. O CPJ ressaltou que pelo menos oito assassinatos de jornalistas ainda não foram solucionados na última década. Em 2011, a Fundação pela Liberdade de Imprensa (FLIP) da Colômbia divulgou um levantamento segundo o qual, nos 34 anos anteriores, 139 haviam sido mortos por conta de seu trabalho - e apenas cinco responsáveis por crimes contra jornalistas haviam sido julgados desde 1977.
Já a situação do México piorou um pouco, apesar de o país ter permanecido na oitava posição. Na última década, a morte de 15 jornalistas permanece impune, embora esse número seja provavelmente maior, segundo o CPJ - já que 11 profissionais desapareceram e outros tantos foram mortos em situações não esclarecidas. Por conta disso, "uma grande autocensura se impôs", levando "um grande número de veículos a abandonar a cobertura do crime e da corrupção", destacou o comitê. O levantamento aponta ainda que muitos jornalistas lançaram mão das redes sociais para manter a cobertura sobre o crime organizado - mas apenas para "descobrir o perigo por ali também". De fato, a jornalista Maria Elizabeth Macías Castro, editora do jornal Primera Hora, foi decapitada em setembro de 2011, depois de usar a internet para denunciar, anonimamente, a violência.
A seguir, assista ao um vídeo do CPJ sobre impunidade: