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Usuários protestam contra anúncio do Twitter sobre censura específica por país

Em uma tentativa de "entrar em países com diferentes idéias sobre os limites da liberdade de expressão", o Twitter anunciou ter a capacidade de censurar mensagens individuais país por país, informou El País. O anúncio despertou temores de que o compromisso do Twitter com a livre expressão poderia ficar em segundo plano, atrás do lucro, especialmente quando se leva em conta o papel desempenhado pelo Twitter na chamada "Primavera Árabe" e nos recentes protestos contra leis antipirataria nos Estados Unidos.

Ironicamente, o anúncio foi feito no dia 25 de janeiro de 2011, exatamente um ano após o início da revolução no Egito e durante a qual foram publicados cerca de 3 milhões de mensagens no Twitter.

Há um ano, o Twitter declarou que "as mensagens devem fluir [livremente]" e a circulação de informações seria mantida "independentemente de qualquer olhar que possamos ter sobre o conteúdo". Mas, agora, o Twitter anuncia ter a capacidade de "bloquear o conteúdo de usuários em um país específico e exibi-lo no resto do mundo". A empresa também assegurou ter desenvolvido uma maneira de explicar para o usuário as razões do conteúdo ter sido banido. A medida é necessária, argumenta o Twitter, porque, diante de seu crescimento internacional, "entraremos em países com diferentes idéias sobre os limites da liberdade de expressão" e a empresa precisa respeitar as leis locais.

A rádio pública dos EUA, NPR, questiona se a possível censura é resultado do desejo do Twitter de começas a operar na China, onde, em 2010, o Google, que havia aceitado limitar resultados para operar no país, interrompeu a censura após uma disputa com o governo chinês.

Com hashtags como #CensuraTwitter#CensuramestaTwitter e #TwitterCensored, usuários de todo o mundo se uniram para protestar contra a nova política do Twitter, pedindo, inclusive, um boicote ao serviço no sábado 28 de janeiro, informaram o El País e a CNNMéxico.

"Muito preocupada" com o anúncio do Twitter, a Repórteres Sem Fronteiras enviou uma carta ao presidente da empresa, Jack Dorsey, pedindo a revogação da decisão, que seria "nociva para a liberdade de expressão" e contrária aos movimentos de denúncia da censura relacionados à primavera árabe, que o Twitter ajudou a divulgar. Na carta, a RSF também questiona o que a empresa ganharia em país como a China, onde o Twitter é censurado. "A decisão vai contra um movimento que recusa as exigências de censura, particularmente as do governo chinês, iniciado pelo Google e seguido depois pelo GoDaddy". "As ganâncias comerciais, particularmente no mercado chinês, não deveriam ser o único critério levado em conta. A imagem do Twitter para seus usuários também está em jogo".

Alguns comentaristas, como o blogueiro Alex Howard, não haver motivo para pânico. Como exemplo, cita Jillian York, diretora para a liberdade de expressão internacional da Fundação Fronteira Eletrônica, que declarou: "Isso não é diferente da maneira como hoje o Twitter lida com as decisões judiciais, exceto que não afetará os usuários fora de determinados países. Diante dos planos de instalar um escritório no Reino Unido (com todas suas loucas leis de difamação), entendo que tenham seguido esse caminho. É uma pena que precisem censurar alguns conteúdos, mas aplaudo a posição pela mais transparência possível em relação ao tema".

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