Por Giovana Sanchez
O número de casos de violência contra jornalistas aumentou no Brasil em 2015, informou a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em seu relatório anual.
Segundo o texto, divulgado dia 21 de janeiro, 137 ataques contra contra profissionais da comunicação foram registrados no ano passado, oito a mais do que em 2014.
"Ainda há muita impunidade, mas nos últimos anos, como consequência das denúncias sistemáticas, tivemos avanços', disse Maria José Braga, presidente da Fenaj, em entrevista ao Centro Knight. "Cito os casos dos jornalistas Rodrigo Neto e Walgney Assis, ocorridos em 2013, e que que foram investigados numa força-tarefa nacional, por exemplo. Dos assassinatos ocorridos em 2015, somente um, do radialista Gleydson [Carvalho], já foi desvendado e os culpados foram denunciados pelo Ministério Público, mas ainda não foram julgados."
De acordo com a Fenaj, o número de mortes de comunicadores e de jornalistas (a entidade separa os dados entre categorias profissionais) também aumentou: em 2014 foram sete assassinatos, e, no ano passado, 11 profissionais morreram no país - dois jornalistas, cinco radialistas, dois blogueiros e dois comunicadores populares.
Agressões físicas, em sua maioria registradas após manifestações de rua, foram o maior número de ocorrências violentas, segundo o Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, com 49 casos durante o ano.
Houve ainda "28 casos de ameaças e/ou intimidações, nove atentados, 13 ocorrências de impedimento do exercício profissional, nove cerceamentos à liberdade de expressão por meio de ações judiciais, oito prisões e ainda um caso de censura", segundo o texto.
A região Sudeste concentrou a maior parte das denúncias de violência (41,6%) e São Paulo foi o estado com mais registros de casos.
Em 2015, ainda de acordo com o relatório, os jornalistas de televisão foram os mais agredidos, seguido dos profissionais de jornais impressos.
Policiais militares são os principais autores das agressões a jornalistas e comunicadores, seguindo o padrão dos dois anos anteriores, seguidos de políticos e assessores. Todas as 11 mortes de profissionais da área no Brasil ocorreram por criminosos de aluguel, segundo o relatório.
Maria José Braga reforçou a proposta da Fenaj de criação de um Observatório Nacional da Violência Contra Comunicadores, que acompanharia os casos de violência.
"Pela nossa proposta, esse Observatório seria criado no âmbito do governo federal (Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República) e teria a participação de entidades representativas das categorias profissionais e da sociedade em geral", disse Braga.
O Brasil está no topo da lista dos países mais mortais para jornalistas, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ, na sigla em inglês), ocupando o terceiro lugar no mundo todo.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.