O fenômeno de jornalistas no exílio não é novo, de acordo com a relatora da ONU para a liberdade de expressão, Irene Khan. No entanto, o aumento nos últimos anos gera preocupação e a necessidade de que Estados e sociedade civil se unam para oferecer ajuda. Organizações latino-americanas estão aderindo a esse apelo.
Em maio, José Rubén Zamora obteve o direito à prisão domiciliar em um tribunal da Guatemala. O jornalista, no entanto, nunca deixou o cárcere. Nesta semana, sofreu um novo revés jurídico. Um tribunal de apelações anulou a medida. Seu filho, José Zamora, diz que a decisão dá sequência ao assédio contra seu pai.
Na Venezuela, as liberdades informativas digitais são sistematicamente censuradas e atacadas, segundo “Algoritmos do Silêncio”, o Relatório Anual de Direitos Digitais de 2023 da Ipys Venezuela. Durante o ano passado, 46 portais de informação foram bloqueados e 12 meios de comunicação e quatro jornalistas sofreram roubo de identidade.
Todos os anos, o Relatório Sombra da Voces del Sur monitora os ataques à imprensa na América Latina. Com a consolidação de regimes antidemocráticos e a proliferação do crime organizado em alguns países, em 2023 houve um aumento nos discursos estigmatizantes contra jornalistas.
O jornalista nicaraguense Carlos Fernando Chamorro recebeu o prêmio Caneta de Ouro da Liberdade durante o 75º Congresso da WAN-IFRA. Chamorro dedicou o prêmio a seus colegas no exílio e a todos os jornalistas latino-americanos que enfrentam perseguição política, prisão e violência criminal em seus países.
Frente à proposta de uma nova lei de telecomunicações na Nicarágua, jornalistas independentes estão se preparando para possíveis bloqueios de seus sites, regulamentação do conteúdo audiovisual e controle de equipamentos de produção. Alguns meios já iniciaram campanhas para informar os leitores sobre medidas possíveis para contornar a censura.
Supremo Tribunal Federal define que processos coordenados contra jornalistas são uma forma de assédio judicial e também elabora tese de que erros são parte intrínseca da profissão. Medidas são consideradas passos positivos e importantes por especialistas, mas insuficientes para acabar com abuso das cortes contra a imprensa.
O jornalista peruano Gustavo Gorriti enfrenta atualmente uma investigação do Ministério Público por suposto crime de "suborno ativ", na qual suas comunicações foram solicitadas. Várias organizações caracterizaram o caso como uma represália por seu trabalho jornalístico. Gorriti falou com a LJR sobre esta investigação contra ele, sua resposta aos ataques e até as lições que todo esse processo lhe deixou.
O Nono Tribunal de Sentença Criminal da Guatemala concedeu, em 15 de maio, uma medida substitutiva de prisão domiciliar, sem vigilância, ao jornalista José Rubén Zamora, informaram meios guatemaltecos. No entanto, o fundador do elPeriódico continua na prisão devido a outro processo contra ele.
Diretores de El Faro (El Salvador) e Confidencial (Nicarágua) enfatizaram que a avaliação de riscos, a confiança total entre editores e repórteres, a proteção legal e o apoio psicológico são elementos fundamentais para preservar o bem-estar e a segurança de suas equipes em ambientes de assédio, ameaças e criminalização.
O conselho diretor do Prêmio Maria Moors Cabot, o mais antigo prêmio internacional de jornalismo do mundo, alertou sobre os casos de perseguição contra Gustavo Gorriti, do Peru, José Rubén Zamora, da Guatemala, e a equipe da organização venezuelana de jornalismo investigativo Armando.info.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), em seu relatório de meio de ano sobre a situação da liberdade de imprensa nas Américas, alertou sobre a criminalização judicial e as ameaças a jornalistas no Paraguai. A LJR conversou com jornalistas do país que foram ameaçados por estarem fazendo seu trabalho.