Um mês após a passagem do furacão Otis, jornalistas de Acapulco, no México, lutam para informar diante da falta de infraestrutura, dos equipamentos danificados e das perdas pessoais. O Otis agravou a situação já crítica do jornalismo no estado de Guerrero e colocou em risco os meios locais e os repórteres independentes.
Para marcar o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas, celebrado todo dia 2 de novembro, a LatAm Journalism Review (LJR) destaca quatro casos de jornalistas da América Latina e do Caribe que, em sua maioria, permanecem impunes.
A jornalista mexicana Alejandra Ibarra propõe em seu novo livro que não é o que os jornalistas publicam que os torna alvos de assassinato, mas sua liderança e sua postura. Ela também argumenta que políticos mexicanos veem o jornalismo crítico como uma ousadia e não como uma função democrática.
Laura Sánchez Ley, do México, e Abraham Jiménez Enoa, de Cuba, foram agraciados com o prêmio de Jornalistas do Ano na Cúpula One Young World 2023, realizada em Belfast, na Irlanda do Norte. O cubano também levou um prêmio em reconhecimento à sua coragem. Em seus discursos, os jornalistas criticaram as condições do jornalismo na América Latina e manifestaram apoio aos seus colegas no exílio.
Nayeli Roldán não faz jornalismo por reconhecimento. Desde a infância, ficou claro para ela que essa profissão seria seu caminho, apesar de ter crescido em um contexto de desigualdade. A LatAm Journalism Review conversou com Roldán sobre seu recente reconhecimento e seus planos de seguir fazendo jornalismo com rigor e como prestação de serviço.
O Conselho de Apelações de Imigração dos EUA decidiu que o jornalista Emilio Gutiérrez Soto, a quem foi negado asilo após fugir do México em 2008 por causa de ameaças relacionadas ao seu trabalho, tem direito a asilo. Organizações acreditam que a decisão abre um precedente para a proteção de jornalistas e da liberdade de imprensa na região.
Apesar da violência, da polarização e do assédio dos poderes que jornalistas mexicanos enfrentam, a vencedora do Prêmio Cabot 2023 Alejandra Xanic disse à LJR que aconselha não ceder ao medo, mas avaliar os riscos e colaborar para continuar fazendo jornalismo investigativo.
Em contraste com as dificuldades burocráticas de acesso a informações no México, o sistema judiciário dos Estados Unidos oferece ricas fontes de informação para a investigação de casos de criminosos mexicanos julgados no país, disse o jornalista Juan Alberto Vázquez. Seu livro "Los Padrotes de Tlaxcala" revela detalhes sobre como as redes de tráfico mexicanas operam em Nova York.
Narcotráfico, narcopolítica e negligência no tratamento de desaparecimentos de jornalistas colaboram para a total impunidade desses crimes no México. Desaparecimentos têm impacto social similar aos assassinatos e são ainda mais devastadores para as famílias dos desaparecidos, disse Sara Mendiola, da organização Propuesta Cívica, à LatAm Journalism Review.
Graças a uma campanha bem-sucedida de financiamento coletivo, a produtora mexicana de jornalismo independente Dromómanos não só evitou a falência, como também está fortalecendo sua divisão de educação como fonte de renda e preparando uma investigação continental sobre fraude bancária.
Uma coletânea de estudos sobre a cobertura da violência contra mulheres no Sul Global constatou avanços na Argentina e no México, enquanto no Brasil se destacaram os vieses de raça e classe. Coeditora do volume disse à LJR que espera que o trabalho evidencie como a cobertura jornalística está conectada a este “enorme problema sistêmico global”.
María Teresa Montaño, que há quase três décadas se dedica a investigar a corrupção no estado do México, ganhou em 2023 dois prêmios internacionais e publicou uma investigação que teve repercussão global. Esses triunfos, porém, estão marcados pela violência e pela precariedade laboral, como ela contou em conversa com a LJR.