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Pelo menos sete jornalistas assassinados por fazerem seu trabalho na América Latina em 2020; México é o país mais perigoso para a profissão na região

Pelo menos sete jornalistas que trabalhavam na América Latina foram mortos em 2020 em represália por seu trabalho e mais dois durante uma missão perigosa, de acordo com o relatório anual do Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ). Isso representa um terço de todos os jornalistas assassinados globalmente por seu trabalho neste ano.

A maioria dos casos latino-americanos ocorreu no México, de acordo com os registros do CPJ.

Pelo menos quatro jornalistas foram assassinados no país este ano: Maria Elena Ferral Hernández foi baleada em Papantla, Veracruz, em 30 de março; Jorge Miguel Armenta Ávalos morreu em um ataque armado em Ciudad Obregón, Sonora em 16 de maio; Pablo Morrugares Parraguirre foi baleado em Iguala, Guerrero, em 2 de agosto; e o corpo de Julio Valdiviao foi encontrado decapitado em Tezonapa, Veracruz, em 9 de setembro.

Além disso, o repórter Israel Vázquez Rangel foi baleado em Salamanca em 9 de novembro enquanto informava sobre a descoberta de restos mortais. O CPJ define sua morte como uma “missão perigosa”.

O CPJ observa que o México tem uma história de ser o país mais perigoso do hemisfério ocidental para jornalistas, pois “opera em meio a uma complexa teia de criminosos, gangues de tráfico de drogas e corrupção oficial”.

A organização também destacou a promessa do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador de acabar com a violência e a impunidade em relação à violência contra a imprensa. Afirmou, entretanto, que o “ciclo continua inabalável”, apontando para Índice Global de Impunidade CPJ 2020 que classifica o México em sexto lugar no mundo em crimes não resolvidos contra jornalistas.

“López Obrador raramente se envolveu com o CPJ e outras organizações de liberdade de imprensa e da sociedade civil, e desacreditou a mídia mexicana em suas coletivas de imprensa matinais diárias, a exemplo da cartilha do presidente dos EUA, Donald Trump – uma postura vista com consternação pela comunidade de jornalistas do país diante dos perigos que enfrentam”, escreveu o CPJ em seu relatório.

O CPJ disse que pelo menos dois jornalistas mortos este ano junto com seus guarda-costas receberam assistência do frágil Mecanismo Federal para a Proteção de Defensores dos Direitos Humanos e Jornalistas.

Em outros lugares da América Latina, pelo menos dois jornalistas foram mortos em Honduras este ano por seu trabalho.

O apresentador de TV German Vallecillo Jr. foi baleado e morto em La Ceiba em 1º de julho e ojornalista freelance Luis Alfonso Almendares foi morto em 27 de setembro durante uma transmissão ao vivo no Facebook em Comayagua.

O CPJ disse que “a violência e as ameaças à mídia pelo crime organizado e o fraco estado de direito geraram um clima de medo e autocensura” em Honduras.

No Paraguai, o jornalista brasileiro Lourenço Veras, editor-chefe do Porã News, foi morto perto da fronteira dos dois países em 12 de fevereiro.

E na Colômbia, o radialista José Abelardo Liz foi morto durante uma missão perigosa em Corinto em 13 de agosto.

Há nove outros casos na América Latina em que o CPJ ainda está investigando os motivos e que a organização classifica como “não confirmados”.

No México, o CPJ está investigando os assassinatos do radialista Fidel Ávila Gómez em Guerrero, em 7 de janeiro; o apresentador de notícias Arturo Alba em Ciudad Juárez em 29 de outubro; o jornalista Jesús Alfonso Piñuelas em Sonora em 2 de novembro; e o fotojornalista Jaime Castaño Zacarías em Zacatecas em 9 de dezembro.

O jornalista Leonardo Pinheiro foi morto durante uma entrevista no estado do Rio de Janeiro em 13 de maio.

Na Guatemala, Bryan Leonel Guerra, que havia denunciado ameaças via redes sociais, morreu em 3 de março. Mario Ortega chegou a ficar quatro dias em estado crítico após ser baleado, mas morreu em 14 de novembro.

O apresentador do programa de rádio José Carmelo Bislick Acosta foi sequestrado em 17 de agosto e seu corpo foi encontrado no dia seguinte em Güiria, Venezuela.

E em Honduras, o operador de câmera e técnico Jorge Posas foi assassinado junto com o jornalista German Vallecillo Jr., mas o CPJ está investigando se a morte está relacionada ao seu trabalho.

“O número de jornalistas assassinados em retaliação por seu trabalho mais do que dobrou em 2020, quando grupos de criminosos ou de militantes visaram repórteres que trabalham em países violentos, mas democráticos”, disse o relatório.

Para fazer sua lista anual, o CPJ analisou os assassinatos de 1° de janeiro a 15 de dezembro de 2020 e considerou apenas os casos em que o motivo foi confirmado como relacionado ao trabalho do jornalista. Outras organizações têm critérios diferentes, o que explica porque o número de jornalistas relatados como assassinados este ano pode variar.

Tomamos nota de outros jornalistas relatados como mortos na América Latina por outras organizações.

O jornalista mexicano Víctor Fernando Álvarez Chávez, editor e diretor-geral do site Punto x Punto Notícias, desapareceu do estado de Guerrero em 2 de abril. Parte de seu corpo foi encontrada seis dias depois.

O repórter venezuelano Andrés Nieves Zacarías, que trabalhava para a TV La Guacamaya, morreu no dia 21 de agosto, quando a polícia invadiu a sede da emissora local, segundo a UNESCO.

E o jornalista brasileiro Edney Menezes foi morto em seu carro no estado de Mato Grosso em 15 de novembro.

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