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Diretor de jornal venezuelano propõe ação de investigação contra presidente da Assembleia Nacional

Por Samantha Badgen

O diretor do jornal Tal Cual de Caracas, Teodoro Petkoff, solicitou na semana passada à Procuradoria Geral da República uma investigação contra Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, sua advogada Ytala Hernández Torres e Yurbis Sayago Ramos, notário de Chacao, por supostos crimes de falsificação de documentos públicos, peculato e favorecimento de funcionários públicos.

O ato ocorre após uma ação que Cabello iniciou contra Tal Cual em janeiro por um artigo de opinião de Carlos Genatios. Até agora Cabello conseguiu impor medidas cautelares à diretoria de Tal Cual e a Genatios; que incluem a proibição de sair do país e uma possível multa de mais de 100 milhões de bolívares (cerca de 16 milhões de dólares), segundo Tal Cual.

O advogado Humberto Mendoza de Paola disse que depois de analisar a ação judicial que Cabello interpôs contra Genatios e a diretoria, composta de Petkoff, Manuel Puyana, Francisco Layrisse e Juan Antonio Golía, constatou uma série de irregularidades, entre elas que Cabello deu uma procuração específica à sua advogada 23 dias antes da nota de Genatios ser publicada.

“Cabello parece ter o dom de poder adivinhar os fatos futuros”, disse Mendoza de Paola, segundo El Universal e Entorno Inteligente.

Segundo El País, a irregularidade parece respaldar a suspeita de Tal Cual que a demanda é parte de uma emboscada preparada de antemão pelo governo para atacar a imprensa nestes dias de instabilidade política na Venezuela, onde os protestos que ocorrem há mais de um mês resultaram em várias denúncias contra o governo de violações de direitos humanos e liberdade de imprensa.

“Este processo é uma coisa sem pé nem cabeça”, disse Petkoff em uma declaração gravada e distribuída a vários meios, citada pelo Instituto de Prensa y Sociedad (IPYS) da Venezuela. “Corresponde ao contexto geral de abuso de poder que enfrentamos há 15 anos na Venezuela.” Ele acrescentou que até a última sexta-feira haviam sido registrados 107 casos de jornalistas agredidos ou detidos durante a cobertura dos protestos.

Segundo IPYS, parece pouco provável que a Procuradoria, encabeçada por Luisa Ortega Díaz—uma conhecida simpatizante do chavismo --  atenda o pedido de investigação contra Cabello.

Cabello processou Genatios e a diretoria do jornal por considerar que “mentiram descaradamente sobre algo que jamais disse”. Segundo ele, Genatios lhe atribuiu a frase “se não gostam de insegurança, vão embora”, em referência às queixas sobre a violência no país.

Esta ação é uma de muitas contra meios de comunicação privados que começaram há um ano, quando Nicolás Maduro assumiu a presidência após a morte de Hugo Chávez.

Tal Cual já havia sido multado para pagar o equivalente a 1% de seus ingressos de 2009 pela publicação de uma imagem de um necrotério em mau estado, o que o Tribunal de Proteção da Criança decretó considerou como “conteúdo violento, cadáveres ensanguentados e desnudos”, o que viola a Lei de Meios da Venezuela.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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