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Governo venezuelano acusa mídia internacional de promover "guerra psicológica" em torno da saúde de Chávez

Por Isabela Fraga

Em comunicado oficial realizado na sexta-feira, 4 de janeiro, o governo venezuelano acusou a mídia internacional de promover uma "guerra psicológica" em torno do estado de saúde do presidente Hugo Chávez, que sofre de uma grave infecção pulmonar, informou a Venezuelana de Televisão.

O comunicado foi transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão pelo ministro do Poder Popular para a Comunicação e Informação, Ernesto Villegas. "O Governo da República Bolivariana da Venezuela adverte o povo venezuelano sobre a guerra psicológica que a estrutura midiática transnacional construiu em torno da saúde do Chefe de Estado, com o fim de desestabilizar a República Bolivariana da Venezuela, ignorar a vontade popular expressa nas eleições presidenciais do último 7 de outubro e acabar com a Revolução Bolivariana liderada por Chávez", disse Villegas na trasmissão, transcrita no jornal El Universal.

O site alemão Deutsche Welle lembrou que a advertência do governo venezuelano em relação à mídia se deu pouco depois de o vice-presidente do país, Nicolás Maduro, afirmar que jornalistas têm "almas infelizes" por difundir boatos sobre Chávez. Maduro comentou que a maioria da população deseja a melhora do estado de saúde do presidente, mas "há uma minoria muito venenosa", compostas por "jornalistas dessa ultradireita" que seguem planos internacionais contra o estado venezuelano, noticiou o site Noticias24.

Maduro fez referência ao jornal espanhol ABC e à emissora de rádio Caracol, da Colômbia, os quais acusou de "desrespeitar o povo da Venezuela". Ainda segundo a DW, Maduro falou de uma versão da mídia internacional de que a Venezuela havia entrado em contato com os Estados Unidos para uma eventual volta da agência de controle de drogas dos EUA ao país sul-americano. O Colégio Nacional de Jornalistas da Venezuela (CNP Caracas) lançou uma nota na qual rechaçou as declarações de Maduro e exortou o vice-presidente a baixar o tom de seus discurso, ao se referir a jornalistas venezuelanos.

A história do governo venezuelano com a mídia nacional e internacional é permeada por polêmicas e atritos. Organizações jornalísticas do país acusam as autoridades de pressionar veículos de comunicação a acabar com programas críticos ao governo. O governo, por sua vez, acusou os meios de comunicação do país a incitar a violência na cobertura das eleições presidenciais, realizadas no último 7 de outubro. Durante o período eleitoral, acusações de agressões de jornalistas por parte de simpatizantes dos candidatos revelaram uma imprensa polarizada. A obrigatoriedade das transmissões de comunicados oficiais em rádios e TVs do país já foi taxada de "censura continuada" por organizações de jornalismo. Por esses e outros casos, o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) chegou a afirmar que a imprensa venezuelana está enfraquecida.

Assista aqui ao vídeo da transmissão do governo venezuelano sobre a saúde de Chávez.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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