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Guatemala, Equador e Venezuela estão em censo anual do CPJ de jornalistas presos pelo mundo

Três jornalistas latino-americanos aparecem no censo anual global de jornalistas presos do Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ). O guatemalteco Jerson Antonio Xitumul Morales, o equatoriano Enrique Rosales Ortega e o venezuelano Braulio Jatar são três dos 262 jornalistas encarcerados ao redor do mundo, de acordo com o levantamento publicado em 13 de dezembro.

Segundo o CPJ, que faz esta pesquisa anual desde 1990, pelo segundo ano consecutivo o número de jornalistas presos por fazer seu trabalho alcançou um recorde histórico. Em 2016, a organização contou 259 profissionais presos neste mesmo período do ano.

Dos 262 nomes na lista de 2017, 134 - ou 51% - estão atrás das grades na Turquia, na China e no Egito. Os outros 128 estão espalhados por 35 países, com Eritreia (15), Azerbaijão (10) e Vietnã (10) também em destaque pelo alto número de jornalistas presos. Guatemala e Equador aparecem pela primeira vez na lista do CPJ em pelo menos 12 meses.

De acordo com a organização, o guatemalteco Jerson Antonio Xitumul Morales, que trabalha no site Prensa Comunitaria, está preso desde 11 de novembro acusado de incitação ao crime, ameaças e detenção ilegal por sua suposta participação em um protesto de pescadores contra uma mineradora no departamento de Izabal, no leste da Guatemala, em maio.

Seus colegas afirmam que ele apenas cobriu o protesto e estava devidamente identificado como jornalista na ocasião. Um de seus colegas disse ao CPJ que Morales vinha sendo ameaçado pela mineradora e por autoridades locais desde o começo de 2017 por sua cobertura dos protestos dos pescadores, que acusam a empresa de dano ambiental na região do lago Izabal.

No Equador, o jornalista Enrique Rosales Ortega, que escreve uma coluna de opinião em El Universo, cumpre desde 30 de novembro pena de dois anos de prisão por difamação. Ele foi condenado em processo movido pela ex-deputada Vanessa Fajardo, da governista Aliança PAIS, após acusá-la durante um programa de rádio em julho de 2015 de tráfico de influência, segundo reportou Ecuador Noticias na ocasião.

Já a Venezuela repete esse ano sua aparição no censo de 2016 do CPJ, com o caso do jornalista Braulio Jatar. Ele está preso desde setembro de 2016 sob a acusação de lavagem de dinheiro, mas sua família e seu advogado afirmam se tratar de uma prisão política, uma retaliação do governo de Nicolás Maduro. Ele foi preso um dia depois de ter publicado no meio que dirige, Reporte Confidencial, um vídeo de um protesto contra o presidente venezuelano em Isla Margarita. Após nove meses na cadeia, Jatar foi colocado em prisão domiciliar.

“Em uma sociedade justa, nenhum jornalista deveria ser preso por fazer seu trabalho e reportar criticamente, mas 262 deles estão pagando esse preço”, disse Joel Simon, diretor-executivo do CPJ, segundo comunicado da organização. “É vergonhoso que, pelo segundo ano consecutivo, um número recorde de jornalistas estejam atrás das grades. Países que prendem jornalistas pelo que eles publicam estão violando leis internacionais e devem ser responsabilizados. O fato que governos repressivos não estão pagando um preço por jogar jornalistas na cadeia representa um fracasso da comunidade internacional.”

O CPJ considera como jornalistas “pessoas que cobrem notícias ou comentam assuntos públicos na mídia, incluindo impressos, fotografias, rádio, televisão e online” e afirmou que somente inclui em sua lista os nomes de quem conseguiu confirmar terem sido presas em relação ao seu trabalho. Clique aqui para acessar a base de dados do CPJ com todos os 262 jornalistas presos neste fim de 2017.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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