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Jornalista cubano detido descreve prisão em Havana como "inabitável"

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  • 17 dezembro, 2012

Por Alejandro Martínez

O site anticensura da Repórteres sem Fronteiras, We Fight Censorship, recentemente deu destaque ao caso do jornalista cubano Calixto Ramón Martínez Arias, detido em setembro deste ano pelas autoridades de seu país após publicar uma série de artigos sobre uma crise de saúde na ilha. O site publicou as matérias que levaram à prisão do jornalista e duas conversas telefônicas que oferecem um cenário pouco comum das péssimas condições da prisão.

Martínez Arias, jornalista da publicação independente Hablemos Press, foi detido em 16 de setembro deste ano após publicar vários artigos sobre uma epidemia de dengue e cólera que começou em junho deste ano na parte leste da ilha e que a imprensa oficial não cobriu. Martínez Arias foi preso com abuso de força enquanto trabalhava em outra matéria e foi acusado por faltar respeito a Fidel e Raúl Castro.

Segundo o We Fight Censorship, Martínez Arias tentou se comunicar por telefone com o Hablemos Press dois meses antes de ser detido na prisão de Combinado del Este, em La Habana. Na conversa, gravada pelo veículo, Martínez Arias, que começou uma greve de fome por ser forçado a usar uniforme de preso antes do julgamento, descreveu a prisão como "inabitável":

“Devo denunciar o estado de Debo denunciar el estado de superlotação desta prisão, pois em um espaço de 13 a 14 metros de largura por 6 de comprimento vivem cerca de 36 réus", disse Martínez Arias. “No primeiro dia que cheguei, tive que dormir no chão por causa da superlotação penal. Um oficial me explicou que eu não era o único que dormia no chão, que em quase todas as celas havia um ou dois réus dormindo no chão”.

Dias depois, o prisioneiro político Alexander Roberto Fernández Rico entrou em contato com a Habana Press novamente para denunciar que Martínez Arias estava em uma solitária.

“Neste momento, Calixto Ramón está em greve de fome, repito, repito, está em greve de fome porque querem que ele use a roupa de detento, quando ele está neste momento em prisão preventiva e está sendo torturado", disse Fernández Rico na conversa telefônica. "Tiraram sua mesa, seu colchão, os dois lençóis para cobrir-se, toda sua roupa, toda sua roupa. E só lhe deram um pouco de água, num recipiente de 1,5 litro”.

Segundo a We Fight Censorship, as autoridades da prisão ameaçaram colocar os presos que faziam ligações telefônicas em solitárias desde 6 de dezembro, reportou o site.

Visite a página do We Fight Censorship para ler os artigos de Martínez Arias e ouvir as gravaçÕes completas das conversas telefônicas.

Martínez Arias foi o único repórter da América Latina na lista de 2012 de jornalistas presos do Comité para Proteção de Jornalistas. Organizações de ativistas como a Federação Latino-americana de Mulheres Rurais exigiram a liberação de Martínez Arias, reportou o PayoLibre.com. O caso foi apresentado ao Grupo de Trabalho para Detenção Arbitrária das Nações Unidas, informou o jornal Diario de Cuba.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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