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Jornalista mexicana ganha Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa 2017 do CPJ

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  • 19 julho, 2017

Por Lillian Michel

A jornalista mexicana Patricia Mayorga, correspondente da revista Proceso, é uma das ganhadoras do Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa 2017, concedidos pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), anunciou a organização nesta terça-feira.

Mayorga tem enfoque de cobertura sobre o crime organizado, corrupção, desaparecimentos e homicídios no estado norte de Chihuahua, segundo o CPJ. Também cobre temas como discriminação e violência contra as comunidade indígenas e atividades na região de Sierra Tarahumara. Ela também é um dos membros fundadores da Red Libre Periodismo, uma associação de repórteres que se dedica a apoiar os jornalistas de Chihuahua com o propósito de promover a prática livre do jornalismo ético, de acordo com seu site.

"É muita emoção", disse a jornalista ao Centro Knight sobre o reconhecimento. "[Tenho] sentimentos mistos sobre a situação em que o prêmio é dado, por tanta dor que existe no país e na associação, mas econvencido de que é uma oportunidade para elevar o nível de demanda e compartilhá-lo com todos os meus colegas que diariamente arriscam suas vidas e sua estabilidade, para trabalhar".​

Com o apoio do CPJ, Mayorga fugiu do estado de Chihuahua depois que Miroslava Breach, outra jornalista mexicana do mesmo estado, foi assassinada na frente de sua casa em março passado. A jornalista disse que havia recebido ameaças e que "temia por sua vida", segundo o CPJ.

Mayorga participou da campanha #NoAlSilencio por meio de sua conta pessoal no Twitter, exigindo que o governo mexicano ponha fim aos assassinatos de jornalistas. Ela também denunciou consistentemente a impunidade de quase quatro meses após o assassinato de Breach. "Sua ausência dói muito, mas não vamos permitir que a sua voz se vá",​ escreveu ela em um tweet.

Em um vídeo publicado por Periodistas de a Pie no mês passado, Mayorga lê uma declaração assinada por vários repórteres denunciando o agravamento da situação em Chihuahua e chamado o estado "uma das entidades mais perigosas para a prática do jornalismo"​.

"Nós, jornalistas, assinalamos que continuamos a fazer o nosso trabalho jornalístico com a intenção de fazer cumprir o direito de informação da sociedade. Porque não se mata a verdade matando-se jornalistas", disse Mayorga. "Como outros colega do país, assumimos o risco de jornalismo, mas não assumimos a impunidade e a corrupção que aumentaram esse risco."​

Segundo número do CPJ, este ano no México foram assassinados ao menos quatro jornalistas em represália direta por seu trabalho. A organização investiga a morte de outros dois e o desaparecimento de um jornalista.

O Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa 2017 também será entregue aos jornalistas Ahmed Abba, de Camerões; Pravit Rojanapruk, da Tailândia, e Afrah Nasser, do Iêmen. "Os jornalistas têm sofrido assédio do governo, ameaças de morte e prisão em sua busca pela verdade", disse o CPJ em seu anúncio dos vencedores.

"Jornalistas de todo o mundo enfrentam ameaças e pressões crescentes", disse Joel Simon, diretor-executivo do CPJ, no comunicado. "Prestamos homenagem aos mais valentes e comprometidos. Por seu exemplo, eles mostram que o jornalismo importa".​

O CPJ também concederá o primeiro Prêmio de Liberdade de Imprensa Gwen Ifill a Judy Woodfruff, editora-chefe do programa “PBS NewsHour”. Todos os ganhadores serão homenageados no jantar anual de premiação que terá lugar no dia 15 de novembro em Nova York.


Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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