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Jornalistas da CNN são intimados pelo governo boliviano a comparecer a julgamento no caso de suposto filho de Evo Morales

Os repórteres da rede internacional de notícias CNN en Español, Fernando del Rincón e Alexis Ardines foram convocados novamente pelo Ministério Público da Bolívia para depor no julgamento do caso de tráfico de seres humanos referente à ex-parceira do presidente Evo Morales, Gabriela Zapata, conforme noticiado pela Página Siete.

A ex-parceira do presidente, que está presa preventivamente e enfrenta diversas acusações, incluindo enriquecimento ilícito e tráfico de influência, também é acusada pelo Ministério Público de ter forjado a identidade de um suposto filho que ela teve com Morales, de acordo com El Deber. A única evidência de um filho é uma certidão de nascimento datada de 2007.

De acordo com a Página Siete, Morales acusou a jornalista mexicana del Rincón e a CNN de conspiração política contra seu governo por entrevistarem a criança que se fez passar por filho de Morales e não relatarem que era um impostor. A entrevista nunca foi ao ar.

"Eu quero dizer que o apresentador da CNN Fernando del Rincón e os operadores desta entrevista são co-autores dos crimes de defesa pública de um crime (...), conspiração (...), ocultação (...) e cumplicidade," disse Morales em 30 de junho, de acordo com a Página Siete.

Na entrevista que a CNN fez com o suposto filho de Morales e Zapata, material que o canal de notícias nunca publicou, Rincón disse que ele entrevistou várias pessoas na Bolívia como parte de sua investigação jornalística para ver se a criança era realmente o filho de Morales. Ele acrescentou que ele inclusive solicitou formalmente uma entrevista com o presidente, mas ela não foi concedida.

"No meu retorno (da Bolívia) e após uma análise exaustiva, determinamos que não haviam provas suficientes para sustentar as acusações, nem evidências físicas como DNA para descartar ou confirmar a existência de um suposto filho do presidente Evo Morales, de modo que, em um ato responsável, ético e profissional, totalmente contrário à conspiração, a decisão profissional foi a de não transmitir esses elementos," disse Rincón, apresentador do programa Conclusiones na CNN.

A primeira intimação, à qual os jornalistas não atenderam, foi feita em 22 de julho.

"O Ministério Público começou a emitir intimações para ambos os jornalistas cidadãos da CNN, elas foram cumpridas de acordo com o disposto em nossas regras (...). Eles foram notificados por e-mail", disse a promotora Susana Boyan segundo a Página Siete.

Boyan, de acordo com a publicação, disse que os jornalistas são "obrigados" a comparecer para prestar depoimento.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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