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Jornalistas do Haiti lutam por estabilidade após terremoto devastador de 2010

O Haiti ainda está se desenterrando — literalmente, financeiramente, politicamente e culturalmente — do terremoto devastador ocorrido em janeiro de 2010, enquanto a mídia noticiosa haitiana, fundamental para manter um olhar crítico no complexo esforço de reconstrução, está lutando para alcançar alguma certeza em meio aos escombros, reportou a revista Columbia Journalism Review (CJR).

Na CJR, William Wheeler relata um debate entre jornalistas estrangeiros em Port-au-Prince, capital do Haiti, a respeito da prioridade de jovens jornalistas haitianos: eles deveriam aprender comportamentos éticos e o valor do esforço pela objetividade; ou será que uma noção de habilidades técnicas é mais importante para serem empregados? Wheeler sugere: "o Haiti precisa de pragmatismo e idealismo em igual medida."

Mas ainda há perigos para jornalistas haitianos. Dois radialistas foram detidos e presos no dia 22 de junho, uma ação considerada "um abuso de autoridade e forma de censura" pela organização Repórteres Sem Fronteiras.

Em fevereiro deste ano, Jean Richard Louis-Charles, jornalista de 30 anos que trabalhava para a Rádio Kiskeya, foi morto a tiros no Haiti, um incidente marcado por fatos obscuros e pouco esclarecimento pela polícia, disse a Repórteres Sem Fronteiras.

Não apenas 30 jornalistas foram mortos e 13 foram feridos durante o terremoto que deixou mais de 300 mil mortos e 1,3 milhão desabrigado, aponta Wheeler, mas também a renda advinda de publicidade foi severamente impactada por causa da destruição dos negócios e demolição de infraestrutura em um país onde o rádio é a fonte dominante de informação. Corrupção também é um problema, uma vez que as fontes pagam repórteres por coberturas positivas. Wheeler cita Mario Viau, diretor administrativo da rádio Signal FM, admitindo que isso é uma questão monitorada por executivos como ele. “Mas às vezes você tem de fechar um olho sobre o assunto, porque sabe que eles têm de se virar.”

No entanto, pode haver uma luz no cenário da mídia haitiana, já que uma investigação feita por estudantes de jornalismo haitianos sobre os esforços de reconstrução mostrou que alguns trabalhadores pagavam uma taxa para conseguir emprego de 5 dólares por dia, enquanto algumas mulheres ofereciam sexo em troca de trabalho. Os estudantes foram auxiliados pelo Observatório de Corrupção do Haiti, também conhecido como Ayiti Kale Je and Haïti Veedor, que, por sua vez, é financiado pelaInternational Media Support, uma organização sem fins lucrativos sediada em Copenhagen.

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