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Media Factory, a primeira aceleradora de mídia do mundo, quer investir em novos projetos latino-americanos

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  • 24 julho, 2013

Por Alejandro Martínez

Se falta algo no atual panorama jornalístico da América Latina é dinheiro e fé em novos veículos independentes que buscam florescer na região. Mariano Blejman parece ter encontrado uma maneira de oferecer ambos.

Blejman é um dos bolsistas do Knight International Fellowship, e como parte de seu projeto para impulsionar inovação midiática na região criou recentemente Media Factory, a primeira aceleradora de organizações noticiosas no mundo.

Media Factory terá capital de risco para oferecer financiamentos, aconselhamento e outras formas de apoio a novos meios e ensiná-los a criar uma empresa sustentável.

“Buscamos gerar meios de comunicação a partir do zero”, disse Blejman em entrevista com o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.

Media Factory está prevista para iniciar suas operações em janeiro de 2014 e atualmente busca os primeiros beneficiários da iniciativa. A empresa recrutará cinco equipes de três jornalistas na América Latina interessados em começar novos meios focados em política e negócios.

Os jornalistas selecionados serão transferidos a Buenos Aires, aonde trabalharão entre quatro e seis meses para desenvolver seus projetos com as demais equipes.

Media Factory oferecerá 75 mil dólares por empresa através de seus sócios investidores, o Media Development Investment Fund (MDIF), Vivid Growth e a nova plataforma de crowdsourcing do fundador do MDIF Sasa Vucinic, Indie Voices. Em troca, Media Factory receberá 17% das ações das novas empresas.

O projeto de Blejman chega em um momento em que a pergunta da sustentabilidade se tornou de vital importância na América Latina. Durante o Sexto Colóquio Iberoamericano para o Jornalismo Digital, organizado em abril deste ano pelo Centro Knight, dezenas de jornalistas do continente concordaram que as questões mais importantes que enfrentam seus veículos são como diversificar suas fontes de ingressos e fazer crescer suas audiências.

Como resultado destas inquietudes, 10 meios digitais independentes no continente formaram no mês passado a ALiados, uma nova organização que busca fortalecer a cooperação mútua e encontrar novas formas de sustentabilidade em conjunto.

Media Factory se concentrará em ajudar os veículos selecionados a desenvolver um modelo de negócios e um plano para gerar audiências tendo como guia as melhores práticas dos meios nativos digitais mais exitosos do mundo.

Blejman, editor, empreendedor de mídia e fundador do exitoso capítulo em Buenos Aires da organização Hacks/Hackers, disse que parte da meta de Media Factory é eliminar essa dissociação entre os ideais do jornalista e a realidade de se criar uma empresa – o que ele descreveu como uma grande lacuna na formação de jornalistas na América Latina.

“No jornalismo na América Latina não se ensina muito sobre o empreendedorismo; te ensinam o ofício e o ensinam como era na época de prosperidade, quando os meios tradicionais funcionavam muito bem e o jornalista só se dedicava a escrever”, disse. “E provavelmente para muitos isso está bom, mas os jornalistas que têm vontade de criar veículos devem pensar em termos de emprendimento e entender o que estão fazendo”.

Mas além de ajudar a impulsionar novos meios digitais na região, Blejman considera que investir neles pode ser um grande negócio. Para ele, o fatalismo que caracterizou a conversa sobre a mídia nos últimos anos foi substituída pouco a pouco por um entusiasmo diante das oportunidades que apresenta a era digital em sua maturidade.

E se há razões para que poucos tenham investido em projetos midiáticos na região – os investimentos em tecnologia, por exemplo, tendem a ser muito mais rentáveis e, como negócio, o crescimento dos meios se limita frequentemente ao mercado de sua geografia imediata – para Syed Karim, o diretor de inovação do MDIF, investir em mídia inclusive é uma aposta mais segura que em projetos tecnológicos, porque é mais fácil medir o impacto do produto e o investimento em infraestrutura é muito menor.

Karim acrescentou que as condições são apropriadas para investir em novos meios na região porque há um mercado desaproveitado. Cada vez mais pessoas têm acesso à internet no continente e, de um modo geral, os meios tradicionais tem demorado a aproveitar s oportunidades da era digital. E às vezes é melhor começar algo novo para responder com agilidade às necessidades das audiências.

“Eu acredito que o conteúdo é dinheiro”, disse. “O que está gerando os lucros do Google é essencialmente saber aproveitar a atenção que recebem. Estamos falando de milhares de milhões de dólares que a gente segue pagando (para atingir seus públicos). É impossível não poder viver disso”.

Visite o site de Media Factory para saber como inscrever seu projeto.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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