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Nasce a CNN Brasil. Empresário da construção e jornalista licenciam a marca da rede global de TV e lançam canal ainda este ano

Esta matéria foi atualizada para incluir o posicionamento da CNN Internacional.

A rede de notícias CNN licenciou sua marca para operação no Brasil a partir do segundo semestre de 2019. O canal CNN Brasil será gerenciado por um novo grupo de mídia, segundo anúncio feito pelo Twitter.

O empreendimento prevê a contratação de 400 jornalistas, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo. A empresa terá sede em São Paulo, com escritórios no Rio de Janeiro e Brasília, além de correspondentes internacionais.  

O projeto é liderado pelo empresário Rubens Menin, fundador da construtora MRV (uma grande construtora e empresa imobiliária), e pelo jornalista Douglas Tavolaro, ex-vice-presidente de jornalismo do Grupo Record. Eles assumirão, respectivamente, os cargos de presidente do conselho de administração e CEO, de acordo com o comunicado da nova empresa.

Sabendo da importância de uma imprensa livre e independente, pautada pela ética e responsabilidade, que trata os fatos de maneira construtiva, pretendemos protagonizar a construção de um país melhor e ampliar a sua visibilidade ao mundo com informações relevantes”, disse Menin em sua conta do Twitter. 

A CNN Brasil estará disponível em um canal a cabo 24 horas por dia e em plataformas digitais. O licenciamento da marca americana também prevê a veiculação de conteúdos produzidos pela CNN International.

No comunicado publicado no Twitter, o vice-presidente de Vendas de Conteúdo e Parcerias da CNN, Greg Beitchman afirma que a expansão da marca para o Brasil faz parte de “uma estratégia global para trabalhar com parceiros que pensam da mesma maneira”. Na América Latina, já existem canais locais com a marca CNN no México e no Chile 

O uso do nome da CNN, no entanto, não implica na adoção das diretrizes editoriais do grupo de mídia americano, como ressaltou reportagem da Folha de S. Paulo. A CNN Turquia, por exemplo, foi adquirida por um conglomerado favorável ao governo do presidente Tayyip Erdogan e o conteúdo do canal passou a ser visto como governista, acrescenta a Folha.

De acordo com a Folha, Tavolaro era considerado braço direito de Edir Macedo, dono da Record, a segunda maior rede de televisão do Brasil, e fundador da Igreja Universal. O jornalista é o autor da biografia autorizada de Macedo, “O Bispo”. Macedo declarou voto no presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e sua rede de televisão passou a dar mais espaço para ele durante a campanha eleitoral, levando a suspeitas de que se tornaria uma “Fox News do Brasil”, em alusão ao canal de cabo americano que apoia o presidente Trump.

Menin também já se mostrou favorável ao governo Bolsonaro em uma entrevista recente ao jornal Correio Braziliense, tecendo elogios à equipe econômica e aos generais que compõem a administração.

Nos Estados Unidos, a CNN adotou uma postura crítica em relação ao presidente Donald Trump. O americano já elogiou o colega brasileiro e os dois trocaram saudações no Twitter.

Apesar das notícias de que pelo menos o empresário que é o presidente do conselho de administração da CNN Brasil já se manifestou a favor de Bolsonaro, um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, declarou ter desconfiança em relação à CNN Brasil. “A CNN foi a responsável pela criação do termo fake news. A expressão não veio internet e sim da imprensa. Após tantos anos de governo de esquerda a CNN decide vir para o Brasil num momento em que editoriais de esquerda estão demitindo seus jornalistas. Estranho…”, escreveu ele no Twitter. 

Em nota, a CNN Internacional informou que “a CNN faz uma auditoria abrangente de todos seus parceiros de licenciamento. Esse é o caso dos licenciados que vão operar a CNN Brasil, que têm nosso total apoio. Como acontece com todos os acordos de licenciamento, a CNN Brasil irá programar o canal de forma independente, mas alinhada aos padrões e práticas da CNN”.

O Knight Center procurou os representantes da CNN Brasil, mas não conseguiu entrevistas. 

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