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Nove pessoas são acusadas de participação no assassinato de um jornalista haitiano 14 anos após o crime

O juiz Yvickel Dabrésil acusou nove pessoas no dia 17 de janeiro - várias próximas ao ex-presidente do Haití Jean-Bertrand Aristide - de estarem envolvidas no assassinato do reconhocido jornalista de rádio Jean Léopold Dominique em 2000, que até então tinha uma postura crítica à reeleição de Aristide, informou Reuters.

Em 3 de abril de 2000, Dominique, jornalista de 69 anos e diretor da Radio Haití-Inter – a primeira rádio independente do Haiti que transmitia em idioma creole haitiano e não em francês, como as do resto do país -, foi morto a tiros junto a um guarda de segurança da emissora de rádio em Porto Príncipe.

A organização Repórteres Sem Fronteiras e a associação SOS Periodistas pediram “todos os esforços para que Myrlande Lubérisse, ex-senadora do partido Fanmi Lavalas, de Jean-Bertrand Aristide, compareça perante a justiça de seu país”. Segundo o relatório apresentado pelo juiz Dabrésil, Lubérisse (ou Libérusseria a autora intelectual do crime de Jean Dominique. “As autoridades dos Estados Unidos, onde vive a ex-senadora, devem conceder sua extradição se esta for solicitada”, acrescentou RSF.

Ao longo de 14 anos, sete juízes participaram no processo, que ainda pode ser apelado para a Corte Suprema.

O jornalista haitiano Guyler Delva, que preside uma comissão que investiga crimes contra jornalistas, disse estar surpreendido que a acusação não tenha considerado Aristide como parte da conspiração. “Se se acusa a mulher que recebeu a ordem (de assassinar Dominique), por que não acusar também quem a deu? Não tem lógica”, declarou Delva, segundo o Miami Herald.

Contudo, para Michèle Montas, viúva do jornalista, "é um importante passo no registro. Finalmente a Corte de Apelação tem um relatório elaborado pelo juiz de instrução, quase 14 anos depois da morte de Jean Dominique". Montas pediu que os acusados do crime sejam presos e levados à Justiça, publicou El Confidencial.

Entre os nove acusados estão os ex-senadores Libérus e Harold Severe, também ex-prefeito da capital haitiana. Os demais são Annette Auguste, Franco Camille, Merité Milien, Dimsley Milien, Toussaint Mercidieu, Jeudi Jean Daniel e Markington Michel. Muitos deles, como Severe, foram presos anteriormente pelo mesmo caso, mas foram liberados ou escaparam da prisão. A maioria vive fora do país, publicou Reuters.

Antes de sua morte, Dominique denunciou os casos de corrupção e abusos de poder do partido Fanmi Lavalas do ex-sacerdote e ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, sendo um dos principais opositores a sua reeleição na campanha de 2001.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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