Por Diego Cruz
Uma missão conjunta de várias organizações dedicadas à liberdade de imprensa informou nesta quarta-feira (19 de Março) os resultados de uma recente investigação no estado de Veracruz sobre o assassinato do jornalista Gregorio Jiménez de la Cruz, de acordo com o site de notícias Terra.
Depois de conversar com cerca de 60 colegas, chefes, amigos e familiares de Jiménez, o grupo concluiu que o repórter dos jornais Nortisur e Liberal del Sur foi morto por causa de seu trabalho jornalístico .
A missão incluiu representantes da Rede de Periodistas de a Pie, Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e Casa de los Derechos de Periodistas.
Elia Baltazar, da Red de Periodistas de a Pie, criticou as autoridades de Veracruz por atribuir o crime a vingança pessoal depois de apenas seis dias de investigação, desconsiderando a importância do trabalho jornalístico de Jimenez, que havia investigado sequestros e agressões a migrantes.
Baltazar também mencionou que as autoridades demoraram 40 minutos para chegar à casa do jornalista depois que ele foi sequestrado, apesar da presença de um posto policial a apenas 800 metros de distância, fato considerado como uma das "inconsistências" do caso.
A jornalista da SIP María Idalia Gómez também denunciou "graves deficiências" na investigação policial que podem resultar na liberação dos suspeitos do crime, informou Animal Político.
Falhas na investigação incluem a ausência de documentos sobre interrogatórios (para verificar se houve confissões sob tortura), falta de mandados de busca para entrar no local onde Jimenez foi mantido em cativeiro e na vala onde seu corpo foi encontrado, e falta de resultados de testes de impressões digitais.
“De que forma as autoridades encontraram os suspeitos? Por mágica", disse Gomez. Segundo a jornalista, a falta de informações sobre a investigação, a descoberta dos corpos e a prisão do acusados pode manter o crime o impune.
Em consequência dessas falhas, o grupo concluiu que o caso deveria permanecer aberto.
No relatório a missão conjunta apresentou 17 recomendações para o caso, incluindo a ligação entre o assassinato de Jimenez e seu trabalho jornalístico, a correção das lacunas na investigação conduzida pelas autoridades de Veracruz, e apoio financeiro para a família de Jiménez proveniente do jornal em que trabalhava, e a investigação do caso pelo promotor da Procuradoria Especial de Crimes contra a Liberdade de Expressão do México (FEADLE).
Gregorio Jiménez foi sequestrado por um grupo armado em 5 de fevereiro e encontrado morto em uma vala no município de Las Choapas no dia 11 de fevereiro. Segundo o relatório, ele recebia apenas 20 pesos por matéria no jornal Notisur e 50 pesos no Liberal del Sur.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.