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Pesquisa sobre freelancers na América Latina agora inclui jornalistas de língua portuguesa

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  • 12 Maio, 2017

Por Cat Cardenas

Depois de realizarem por um mês um censo de jornalistas freelancers que trabalham em espanhol na América Latina, pesquisadores descobriram que a maioria está otimista em relação ao futuro do jornalismo.

Produzido por pesquisadores da Escuela de Periodismo Portátil, juntamente com a John S. Knight (JSK) Journalism Fellowship e a Universidade de Stanford, o censo procurou fornecer informações que vão desde as opiniões de freelancers sobre a indústria jornalística até as suas motivações para trabalhar fora das redações tradicionais.

Os pesquisadores também lançaram um segundo projeto focado em freelancers no Brasil e em Portugal. Localizado no CensoFreelance.org, a pesquisa vai ocorrer durante o mês de maio.

Segundo a primeira pesquisa, com jornalistas freelancers trabalhando em espanhol, dos 12.000 entrevistados, 71% eram otimistas em relação ao futuro da indústria. Ainda que muitas redações na América Latina estejam passando por cortes e lutando para serem rentáveis, Juan Pablo Meneses, um JSK Fellow e jornalista freelancer do Chile, diz que os freelancers são mais empreendedores e mais otimistas que jornalistas tradicionais.

"É muito interessante, o novo perfil dos jornalistas na América Latina é muito empreendedor, é muito focado no futuro", disse Meneses ao Centro Knight.

Meneses apresentou os resultados do censo no 10º Colóquio Ibero-Americano de Jornalismo Digital em Austin, Texas, no dia 23 de abril, após o último dia do Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ).

O jornalista disse que, antes da pesquisa ser realizada, não havia muitos dados sobre jornalistas freelancers na América Latina. A fim de obter uma melhor compreensão da indústria do jornalismo, eles precisavam conversar com jornalistas trabalhando dessa forma.

O censo também mostra que o México tem a maioria dos freelancers, seguido pela Argentina e Colômbia, e que 40% deles eram jornalistas com menos de 35 anos. Também revelou que mais da metade (66%) dos entrevistados da pesquisa eram freelancers não porque não encontraram empregos na imprensa tradicional, mas porque esse era um movimento consciente nas suas carreiras.

"É muito importante entender que o freelancer na América Latina tem um novo perfil", disse Meneses. "No passado, o freela era apenas [para] jornalistas sem empregos na mídia tradicional, mas agora jornalistas freelancers são mais independentes."

Considerando os obstáculos que os veículos tradicionais estão enfrentando, Meneses disse que é fácil ver por que os jornalistas mais jovens estão optando para iniciar suas carreiras como freelancers.

"O problema é que trabalhar em uma redação tradicional é ter que trabalhar em um local com um salário baixo, onde você trabalha horas por dia e onde estão constantemente demitindo as pessoas, porque as redações estão encolhendo", disse Meneses. "Não é um lugar interessante para jovens jornalistas, é um lugar de grande estresse, e os jovens preferem ter mais controle sobre sua carreira e trabalhar fora de uma redação".

O fato de que muitos jornalistas estão escolhendo carreiras fora das redações tradicionais deu a muitos deles mais flexibilidade em suas vidas. Outra estatística da pesquisa mostrou que um terço dos entrevistados tem outro trabalho fora do jornalismo.

"Alguém pode estar trabalhando como jornalista três dias por semana e dirigindo um Uber o resto da semana", disse Meneses. "Millennials gostam muito mais de viajar do que de trabalhar em um escritório. É importante que os meios de comunicação entendam que eles precisam trabalhar mais com freelancers porque as salas de redação estão ficando menores."

Com os jornalistas deixando as redações, Meneses disse que é crucial que eles entendam que precisam formar redes próprias com outros jornalistas freelancers.

"No passado, o freelancer era mais individualista", disse Meneses. "Hoje, em um mundo que está tão conectado, é importante que eles trabalhem juntos com outros freelancers. Esse seria meu principal conselho. Que eles saibam que precisam de conexões, e que se reúnam para escrever sobre os temas que gostam".

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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