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"Progresso enganoso" na América, afirma RSF em relatório sobre liberdade de imprensa

Por Alejandro Martínez

México e Cuba foram os piores lugares para jornalistas na América, tensões entre o governo e veículos privados continuaram a crescer no Equador e na Argentina, e o Canadá perdeu sua posição de líder na liberdade de imprensa no continente, segundo a edição de 2013 do Índex da Liberdade de Imprensa no Mundo, da Repórteres sem Fronteiras, lançado na quarta-feira, 30 de janeiro.

relatório anual da RSF classificou a liberdade de imprensa em 179 países. Segundo a organização, a liberdade de imprensa foi mais saudável na América do que em outras regiões. Em uma escala de zero a 100 – na qual zero representa o respeito total à liberdade de imprensa –, a América recebeu uma nota de 30,0 da organização, atrás apenas da Europa, que recebeu17,5. A pior região para a liberdade de mídia foi o Oriente Médio e o Norte da África, com nota de 48,5.

No entanto, considerando os contratempos sofridos pela liberdade de imprensa documentados no continente americano ano passado, o relatório da RSF afirma que os sinais de progresso no continente são "enganosos". Violência e polarização política ainda são obstáculos importantes para o jornalismo nas Américas.

Alguns dos pontos sobre o continente americano tratados pelo relatório são:

  • Na posição 71, Cuba foi o único país na América listado entre os dez piores país para a liberdade de imprensa no mundo. Além de ainda ser o único país sem mídia independente, Cuba renovou sua repressão aos dissidentes em 2012, e atualmente mantém dois jornalistas presos.
  • O México caiu quatro posições desde o ano passado. Na posição 153, a RSF classificou o país como "a nação mais perigosa para a mídia do hemisfério.” Com seis jornalistas assassinados ano passado, membros da imprensa sofreram intensa violência e censura por causa da briga contínua do país com traficantes de drogas e as eleições presidenciais no último julho.
  • Após cair 41 posições no último relatório da RSF, a classificação do Brasil caiu de novo, desta vez para a posição 108. Cinco jornalistas foram assassinados em 2012, ataques contra a mídia regional não cessaram, a violência aumentou durante as eleições municipais do último outubro, e a censura judicial tornou-se uma preocupação crescente.
  • O Chile subiu 20 posições até a 60a após uma queda significativa no índex graças a diversas agressões contra a imprensa durante o protesto estudantil do ano passado. No entanto, segundo o relatório, a mídia chilena ainda é “tendenciosa, emissoras comunitárias ainda são criminalizadas, especialmente na região de Mapuche, e os jornalistas tiveram dificuldades ao tentarem investigar a ditadura militar de 1973-90.”
  • Ecuador caiu 15 posições para a 119a e a Argentina caiu para a posição 54, em meio a crescentes tensões entre o governo e a mídia privada no país.
  • A Jamaica subiu da posição 17 em 2012 para a 13a neste ano, o país mais bem classificado do continente. A RSF não explicou por que a classificação do país caribenho subiu, mas a queda do Canadá no índex teve participação na mudança. O Canadá saiu da posição 10 no relatório do ano passado para a 20a em 2013, principalmente por suas obstruções ao trabalho da imprensa durante os protestos estudantis do ano passado e as ameaças contínuas à confidencialidade das fontes dos jornalistas. Ainda assim, o Canadá foi o terceiro país mais bem colocado na América, abaixo da Jamaica e da Costa Rica.

Assim como no ano passado, os países com a classificação mais alta no índex foram os países nórdicos: Finlândia, Holanda e Noruega. Turcumenistão, Coreia do Norte e Eritreia – os piores países para a liberdade de imprensa no mundo – estão nas últimas posições do índex da RSF desde 2005.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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