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Sites de notícias na Venezuela relatam ataques a seus servidores e bloqueio de Twitter e SoundCloud

O bloqueio de sites de notícias que cobrem a atual crise política e social na Venezuela continuou enquanto o líder opositor Juan Guaidó voltava ao país depois de uma turnê de dez dias pela região em busca de apoio para derrubar o governo de Nicolás Maduro.

O retorno de Guaidó estava sendo coberto ao vivo por meios de notícias críticos a Maduro e acompanhado por internautas nas redes sociais e em plataformas de vídeo como YouTube.

Os sites de notícias Efecto Cocuyo e El Pitazo ficaram pelo menos duas horas fora do ar no dia 4 de março na Venezuela, segundo relataram os próprios meios. Já as plataformas Twitter e SoundCloud apresentaram restrições ao acesso, de acordo com o observatório NetBlocks.

Segundo Efecto Cocuyo, houve ataques a seus servidores e aos servidores dos sites El Pitazo e El Cooperante das 10:50 da manhã às 12:50 da tarde, hora local, período no qual os sites ficaram fora do ar. Os ataques foram confirmados pela equipe técnica do Efecto Cocuyo, pelo Instituto de Imprensa e Sociedade (Ipys, na sigla em espanhol) da Venezuela e pela organização de monitoramento da internet Venezuela Sin Filtro.

“Isso impediu que nossa audiência se informasse diretamente desde nosso site sobre a chegada de Juan Guaidó à Venezuela, as reações sobre esta informação e outras notícias de relevância que ocorriam no dia 4 de março, entre as 10:50 da manhã e as 12:50 da tarde”, disse Ronny Rodríguez, coordenador editorial de Efecto Cocuyo, ao Centro Knight. “Tivemos que usar nossas redes sociais, Facebook entre elas, para divulgar informações e ampliar o que está em nosso meio de comunicação.”

No entanto, a equipe técnica de El Pitazo disse que seu site ficou fora do ar devido a “um bloqueio executado pelas operadoras ABA-Cantv, Digitel e Movistar”. Este seria o quarto bloqueio do tipo contra o veículo desde 8 de setembro de 2017, quando foi registrado o primeiro bloqueio à URL de então do site, elpitazo.com. “Em nenhum das ocasiões nenhum ente, público ou privado, informou o motivo do bloqueio”, disse o site.

A Companhia Anônima Nacional de Telefonia da Venezuela (Cantv) é “o principal provedor de telefonia do país”, segundo Efecto Cocuyo, e pertence ao Estado venezuelano.

O observatório NetBlocks registrou que tanto o Twitter quanto o SoundCloud apresentaram restrições no acesso no dia 4 de março por meio da operadora Cantv. A organização afirmou que usuários relataram que, no Twitter, fotos e vídeos não carregavam, e que “tais medidas são sabidamente usadas pelas autoridades para evitar o compartilhamento de imagens de protestos”.

Já a plataforma de áudio SoundCloud estaria com restrições de acesso na Venezuela desde 27 de fevereiro, disse NetBlocks, que acrescentou que Guaidó usa o serviço de streaming para fazer posts em áudio e compartilhá-los em seu perfil no Twitter.

A organização relatou outras disrupções e bloqueios pela Cantv durante janeiro e fevereiro deste ano.

Por exemplo, o Twitter foi bloqueado em 27 de fevereiro. Serviços como YouTube, VIVOPlay e Microsoft Bing tiveram restrições no acesso em 23 de fevereiro, quando Guaidó e o presidente da Colômbia, Ivan Duque, se encontraram em uma ponte entre os dois países, durante tentativas de levar ajuda humanitária à Venezuela. Serviços do Google tiveram disrupções durante discursos de Guaidó nos dias 12 e 18 de fevereiro. Plataformas de streaming tiveram restrições em 29 de janeiro, durante uma sessão da Assembleia Nacional.

Durante protestos no dia 23 de janeiro, NetBlocks registrou disrupções que afetaram o acesso a YouTube, Google Search, redes sociais e outros serviços no país. E a Wikipedia foi bloqueada em 12 de janeiro.

“Interceptação” na internet venezuelana, segundo investigação do Ipys

Uma investigação do Ipys divulgada no dia 20 de fevereiro afirma que bloqueios, roubo de dados e conteúdos falsos têm sido usados para minar os esforços digitais de opositores do governo Maduro.

Em 40 dias entre janeiro e fevereiro, pelo menos 10 portais digitais de iniciativas políticas e opinião, aplicativos de mensagem, buscadores, redes sociais e plataformas de vídeo foram bloqueadas em diferentes circunstâncias na Venezuela, afirma Ipys. Entre eles estão YouTube, o site de opinião política Aporrea.org, Instagram, Facebook e Wikipedia.

A organização Venezuela Sin Filtro disse em 4 de março que desde o dia 28 a plataforma de petições online Change.org está bloqueado pela Cantv, assim como os sites dos meios jornalísticos Diario 2001 e MeridianoTV desde o dia 1o.

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