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Em 2014, a cada quatro dias pelo menos um jornalista peruano foi vítima de agressões, segundo relatório

Por Samantha Badgen

Entre janeiro e abril de 2014 foram registradas 47 agressões contra jornalistas e meios de comunicação em diversas cidades do Peru, segundo o recente relatório da Oficina Nacional de Direitos Humanos da Associação Nacional de Jornalistas do Peru (ANP). Estatisticamente, um jornalista é vítima de atentados, ameaças e perseguição judicial a cada quatro dias.

Os principais estados onde ocorreram estes ataques foram Áncash, Tumbes, Ayacucho, Lambayeque e Loreto. Até o momento foram 15 ameaças e/ou assédio, 14 agressões físicas, sete perseguições judiciais, seis investigações jornalísticas obstaculizadas, dois impedimentos de difusão da informação, dois sequestros e um roubo.

As agressões cometidas por civis, policiais, funcionários públicos e desconhecidos se concentram sobretudo nas províncias onde os jornalistas investigam casos de corrupção e questionam a gestão provincial e/ou do presidente regional. A ANP considera que este ano pode significar para os comunicadores ainda maiores riscos que os anteriores por ser um ano de eleições em todo o país.

Um dos casos que mais preocupa a associação jornalística é o de Áncash, onde, segundo o cientista político Steven Levitsky, “não existe a liberdade de imprensa”, sendo os jornalistas independentes perseguidos e ameaçados de morte. Desde 2010 foram denunciados nessa região dez assassinatos, entre eles o do jornalista independente Pedro Flores Silva, que investigava casos de corrupção relacionados ao questionado presidente regional César Álvarez.

Entre os fatos mais graves deste ano está o caso de Rudy Huallpa Cayo, em Puno. O jornalista perdeu a visão do olho esquerdo logo após um agente policial disparar em sua direção uma bala de borracha. Huallpa, que portava suas credenciais e jaleco de imprensa, estava no dia 1º de abril cobrindo o protesto pacífica que marchava até a sede do governo regional da cidade de Ayaviri.

O ataque mais recente foi ao jornalista Yofré López Sifuentes na província de Barranca em 22 de abril. Uma bomba explodiu na fachada de sua casa, ferindo seus pais que se encontravam no interior. López havia denunciado supostos casos de corrupção envolvendo a gestão do atual prefeito de Barranca.

Quanto às agressões a meios de comunicação, a emissora de rádio Estación Wari, independente e de oposição ao atual governo regional, localizada na cidade de Huamanga, departamento de Ayacucho, foi sofreu nova intervenção de funcionários públicos.

A ANP registrou no ano passado 131 agressões a jornalistas de todo o país, destacando com preocupação as condições de repressão contra a imprensa crítica e a falta de liberdade de informação em Áncash e Ayacucho, onde os jornalistas continuam sendo vítimas das autoridades regionais.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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