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Ex-comandante da polícia é sentenciado a 30 anos de prisão por assassinato de jornalista mexicano

Após um julgamento que durou uma semana, um júri de Oaxaca condenou o ex-comandante de polícia Jorge Armando Santiago Martínez pelo assassinato do jornalista Marcos Hernández Bautista, ocorrido em 2016, de acordo com um comunicado da Procuradoria Geral de Oaxaca do dia 4 de março. Ele foi sentenciado a 30 anos de prisão e será obrigado a pagar 178 mil pesos mexicanos (cerca de R$ 28 mil) por danos. O motivo não foi mencionado.

Hernández levou um tiro na cabeça enquanto entrava em seu carro em San Andrés Huaxpaltepec na noite do dia 21 de janeiro de 2016. O correspondente do Noticias Voz e Imagen de Oaxaca tinha 38 anos e foi o primeiro jornalista morto no México no ano passado.

Santiago Martínez, então comandante da polícia municipal de Santiago Jamiltepec, atacou o jornalista naquela noite junto com outra pessoa, de acordo com o Noticias Voz e Imagen. O ex-comandante foi preso no dia 25 de fevereiro de 2016.

O Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) reportou que, pouco antes do assassinato, Hernández começou a receber ameaças por telefone, após uma falsa reportagem sobre uma disputa de território foi postada no Facebook para parecer do Noticias Voz e Imagen. Hernández, que já havia feito cobertura sobre roubos de terras, não estava envolvido com a matéria, segundo contaram seu editor e colegas ao CPJ.

"Aplaudimos as autoridades mexicanas pela condenação do crime de assassinato do jornalista Marco Hernández Bautista", disse Carlos Lauría, coordenador sênior do programa para as Américas do CPJ, de acordo com um comunicado à imprensa. "Embora este seja um primeiro passo encorajador para encarar a violência contra a imprensa, a justiça permanecerá incompleta até que o autor intelectual deste crime seja preso. Instamos as autoridades mexicanas a identificar e processar o autor intelectual e a quebrar o ciclo de violência letal contra a mídia”.

Condenações por homicídios de jornalistas são raras no México. O país está em sexto lugar no ranking de Impunidade Global de 2016 do CPJ, que registra países onde os assassinatos de profissionais de imprensa são deixados sem solução.

Hernández também contribuía para estações de rádio da região e trabalhava como conselheiro de cultura municipal em Santiago Jamiltepec. Segundo o Noticias Voz e Imagen, ele era um líder do Partido Movimiento de Regeneración Nacional (Morena).

No marco de um ano da morte do jornalista, o Noticias Voz e Imagen publicou um artigo com frases de colegas e familiares honrando a memória de Hernández. O veículo reportou que Delfina Guzmán, mãe do comunicador e ex-presidente municipal de Santiago Jamiltepec, disse ao filho meses antes de sua morte “filho, não escreva no jornal, um dia vão te matar”.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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