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Galápagos lança segunda edição de treinamento em jornalismo digital com mais aulas práticas

A segunda edição da Jornada Galápagos de Jornalismo está com inscrições abertas até 19 de setembro. Nesta edição, que ocorre três anos depois da primeira, a programação inclui mais aulas práticas e mais tempo para interação entre os participantes e convidados.

Serão selecionados 30 jornalistas, estudantes universitários e profissionais de outras áreas interessados em produzir conteúdo jornalístico digital. O curso ocorre de maneira presencial em São Paulo de 20 de novembro a 2 de dezembro, e os participantes selecionados terão tudo pago, incluindo passagem aérea e hospedagem.

“Neste ano estamos focando em dar ferramentas e inspiração especialmente ao produtor de conteúdo autônomo,” disse à LatAm Journalism Review (LJR) a jornalista Alecsandra Zapparoli, Fundadora e publisher da Galápagos.

Esta edição ocorre três anos depois da primeira Jornada Galápagos, que também reuniu 30 jornalistas de todo o Brasil. O hiato foi necessário devido à pandemia de COVID-19, que impossibilitaria os encontros presenciais que são um dos grandes atrativos do treinamento.

“Fizemos algumas adaptações na grade, deixando mais tempo para a troca entre os participantes e palestrantes. Esse foi um dos apontamentos dos alunos na primeira edição”, disse Zapparoli.

Na primeira Jornada Galápagos, participaram jornalistas de todas as regiões do país, selecionados levando-se em consideração a diversidade regional, de gênero, raça e classe -- o modelo se mantém em 2022. “Queremos gente curiosa e antenada, com disponibilidade e disposição para respirar informação em doze dias, já que o treinamento é bastante intenso,” disse Zapparoli.

 Participantes da Jornada Galápagos 2019: treinamento intensivo na produção de conteúdo jornalístico digital. (Crédito: cortesia Galápagos)

Participantes da Jornada Galápagos 2019: treinamento intensivo na produção de conteúdo jornalístico digital. (Crédito: cortesia Galápagos)

A programação ainda não está 100% fechada, mas inclui nomes como a repórter especial e colunista da Folha de S.Paulo Patricia Campos Mello para falar do enfrentamento às milícias digitais. A vencedora do Prêmio Maria Moors Cabot 2020 chegou a precisar andar com seguranças tamanho o número de ameaças que sofreu após revelar um esquema de financiamento de fake news na campanha presidencial de 2018.

Também estão confirmados Daniel Bramatti, do Estadão Verifica, cofundador do Comprova, e ex-presidente da Abraji; Yan Boechat, repórter especializado na cobertura de conflitos armados; Juliana dal Piva, autora da série de reportagens “A Vida Secreta de Jair”, sobre escândalos envolvendo o presidente Bolsonaro e sua família, que acabou de virar livro; entre outros.

Parte da grade será voltada para aulas práticas, com foco na produção de conteúdo e uso das ferramentas disponíveis nas principais plataformas, como Google, YouTube, Twitter, TikTok, Spotify, Instagram e gStack (plataforma para criar newsletters).

Um dos objetivos da Jornada Galápagos é contribuir para a formação de jovens jornalistas e novos produtores de conteúdo que não tiveram oportunidade de participar em programas de treinamento em organizações jornalísticas -- cada vez mais escassos no país.

“Com o encolhimento e fragilidade econômica das redações tradicionais, é muito difícil que um recém-formado, por exemplo, tenha onde aprender na prática. Cada vez mais enxutas, as redações dificilmente oferecem a possibilidade de aprendizado com os mais experientes. Não há tempo nem gente para isso. E os mais experientes, sempre atolados em trabalho, raramente têm oportunidade de se reciclar,” disse Zapparoli.

O jornalista Evandro Almeida Júnior participou da primeira Jornada Galápagos e desde então sua carreira deslanchou. No ponto mais alto, fez parte da equipe da Red LATAM de Jóvenes Periodistas de Distintas Latitudes responsável pelo especial “Violadas na Quarentena”, sobre violência de gênero contra mulheres durante a pandemia de COVID-19 na América Latina. O trabalho transfronteiriço ganhou o prêmio One World Media em 2021 na categoria mídia digital.

“Eu me inscrevi na Galápagos porque eu tinha acabado de me formar e nunca tinha trabalhado numa redação na minha vida. Então sempre tive muita dificuldade de entrar na redação,” disse Almeida Júnior à LJR. “Durante a Galápagos, a gente aprendeu técnicas que nos ajudaram a conseguir financiamentos, a conseguir viagens de reportagem, a ganhar prêmios, a pensar reportagens premiadas.”

O jovem jornalista é hoje editor de assuntos nacionais na TV Band, depois de uma passagem pelo Estadão. Além dos treinamentos específicos, ele destaca a criação de uma rede de colaboração e parceria entre os participantes da primeira jornada. “A gente criou conexões muito fortes. E hoje a gente é uma rede de apoio muito forte também.”

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