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Guerra contra as drogas revela fraquezas do jornalismo mexicano

A violência do narcotráfico no México causou não apenas a morte de mais de 28 mil pessoas em pouco mais de três anos e meio, mas também uma crise profunda da imprensa local, que tem revelado e acentuado as debilidades crônicas do jornalismo mexicano, admitiram os principais meios de comunicação do país.

O sequestro de quatro jornalistas no estado de Durango, realizado na semana passada por um grupo armado que, segundo as autoridades mexicanas, tem relação com o cartel de drogas de Sinaloa, foi um divisor de águas. O fato revelou o nível de pressão a que os jornalistas que cobrem o narcotráfico e a corrupção no México são expostos diariamente, além da falta de cooperação entre os meios de comunicação, afirmou León Krauze para o Milenio. Fica evidente o crescente poder que o crime organizado da droga adquiririu recentemente, exercendo influência sobre as autoridades e a mídia locais e poder de coerção a nível nacional.

Enquanto dois dos quatro jornalistas foram libertados pelos sequestradores, os outros dois foram resgatados no sábado em uma operação policial, um raro final feliz ao se observar o número de jornalistas mortos ou desaparecidos desde que o presidente Felipe Calderón declarou guerra ao narcotráfico em dezembro de 2006. Segundo a Human Rights Watch, esta categoria já inclui 38 jornalistas, 10 dos quais entraram na lista este ano.

Segundo Krauze, o jornalismo no México "atravessa um profundo momento de crise", pois "agora somam-se a ameaça do narcotráfico aos nossos defeitos como grupo de profissionais". A situação "exige reação imediata e ofensiva para marcar um divisor de águas tão definitivo quanto o Acordo de Confidencialidade de 99 na Colômbia", disse o jornalista.

Em matéria para o Economista, Ruben Aguilar, ex-porta-voz do presidente Vicente Fox, antecessor de Calderón, convocou os meios de comunicação a desenvolver um código de ética comum sobre como lidar com informações ligadas ao crime organizado. "Este também pode ser o momento para que os profissionais de comunicação criem uma associação nacional de jornalistas, tal como existe em muitos países, com divisões estaduais, que regule a profissão e defenda o exercício de sua profissão", disse Aguilar.

Segundo a Fundação para a Liberdade de Expressão (Fundalex), "este é um momento de decisão." Para a Fundalex, enquanto não houver unidade no jornalismo e entre seus praticantes no México, eles continuarão vulneráveis a ataques.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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