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Jornalista chileno e venezuelano preso na Venezuela é transferido a outro estado; prisão opõe países

Na noite de segunda-feira, 12 de setembro, os familiares do advogado e jornalista Braulio Jatar Alonso, que não sabiam do paradeiro do comunicador, informaram que ele se encontra em uma prisão no estado de Guárico.

O jornalista, detido desde 3 de setembro, estava desaparecido desde que haviam ordenado a sua transferência do centro de detenção na Isla de Margarita, no estado de Nueva Esparta, sem que seus familiares ou advogados tivessem conhecimento.

Sua esposa, Silvia Martínez, denunciou que, desde a sua prisão, Jatar não havia sido autorizado a ver o seu advogado, o que violava seu “direito de defesa”.

Como Jatar também tinha nacionalidade chilena, o governo do Chile tinha exigido que as autoridades  venezuelanas informassem o paradeiro do jornalista, assim que souberam da transferência de prisão.

Jatar foi preso depois de publicar imagens de um panelaço contra o presidente Nicolás Maduro na Isla de Margarita em 2 de setembro. O diretor do portal Reporte Confidencial foi acusado de lavagem de dinheiro, o que familiares e algumas organizações defensoras dos direitos humanos consideraram uma represália pelo seu trabalho jornalístico.

Desde a sua detenção, Jatar se encontrava na sede do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), na Isla de Margarita. No entanto, desde 11 de setembro, se desconhecia o seu paradeiro, de acordo com a agência de notícias EFE.

Os boatos sobre a possível transferência de Jatar começaram no dia 10 de setembro, mas os seus advogados e familiares dizem que não receberam uma notificação oficial, segundo o portal Efecto Cocuyo.

No domingo, quando a esposa de Jatar, Silvia Martínez, foi levar o café da manhã ao jornalista na prisão, lhe disseram que havia chegado uma notificação de transferência e que o jornalista não estava mais no local, publicou Efecto Cocuyo. Ainda que Martínez tenha sido avisada da transferência de Jatar para uma prisão no estado de Guárico, seus familiares não conseguiram confirmar se ele estava mesmo no novo centro de detenção.

Para o filho do jornalista, Braulio Jatar Martínez, a mudança é estranha, já que tinham planejado entrar com um recurso no dia seguinte e, dois dias depois, o jornalista tinha uma consulta médica, pois sofre de hipertensão, informou Efecto Cocuyo.

Pelo Twitter, a esposa de Jatar reclamou da falta de informação sobre a nova prisão e disse estar preocupada com o estado de saúde do jornalista.

Após saber dos fatos, o Governo do Chile publicou um comunicado em 11 de setembro exigindo que as autoridades venezuelanas informassem o lugar de detenção de Jatar.

“O Governo do Chile exige que o Governo da República Bolivariana da Venezuela se encarregue desta situação anômala, garanta as regras mínimas que devem ser seguidas em todas as prisões, dê a conhecer imediatamente o local de detenção para o qual foi transferido o Sr. Jatar, e permita que seja visitado nesse local pelo seu advogado, familiares e o cônsul da República do Chile -- exercendo este último as faculdades concedidas pela Convenção de Viena”, afirma o comunicado.

Já o Ministério do Poder Popular para as Relações Exteriores da Venezuela publicou um comunicado em 12 de setembro em que rejeitou a declaração do governo chileno e disse que a ação era uma “intromissão inaceitável, suposições falsas e falta de prudência diplomática”.

O comunicado se limitou a rejeitar a declaração do governo chileno, sem informar o lugar de detenção de Jatar Alonso, mas avisa que o jornalista é acusado "pelos delitos de extorsão, fraude, lavagem de dinheiro e contra a ordem constitucional e democrática na Venezuela, entre outros”.

Para o governo, como Jatar Alonso é venezuelano, tem residência no país e supostamente cometeu crimes nesta área, não deveria haver nem "um pingo de interpretação e dúvida" sobre "a legislação venezuelana aplicável, não submetida à assistência consular de qualquer país estrangeiro."

O governo venezuelano também acusou o chanceler chileno de agir sob pressão da "burguesia pinochetista e da elite internacional, aliada à direita venezuelana golpista, e contrária aos interesses dos povos da Pátria Grande".

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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