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Jornalista cubano preso nos Estados Unidos recebe asilo, mas segue sem ser libertado

O jornalista cubano Yariel Valdés González recebeu asilo nos Estados Unidos por um juiz, em 18 de setembro, após cinco meses de confinamento em centros de detenção do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE), informou o site do Washington Blade. No entanto, o jornalista ainda não foi libertado.

Yariel Valdés González. (Facebook).

Yariel Valdés González. (Facebook).

Valdés, um jornalista independente de 29 anos, se viu obrigado a deixar Cuba em 2018 devido a ameaças e pressões das autoridades por exercer sua profissão, informou o Diario de Cuba. Segundo o Washington Blade, Valdés entrou nos Estados Unidos em 27 de março pela entrada fronteiriça do Calexico West, localizado entre o Vale Imperial da Califórnia e Mexicali, México, onde solicitou asilo. De lá, ele foi transferido para o Centro Correcional do Condado de Tallahatchee, em Tutwiler, Mississippi. Ele foi então transferido para o Centro de Detenção de Paróquias da ICE em Plain Dealing, Louisiana, de acordo com o site.

Quando recebeu asilo, o jornalista disse ao Washington Blade: “Estou muito feliz e extremamente grato a este país por me dar a oportunidade de viver em total liberdade, longe da perseguição de que fui vítima em Cuba por causa do meu trabalho como jornalista freelance".

No entanto, ele ainda está detido no Centro de Detenção de Bossier Parish, na Louisiana, de acordo com registros da ICE. Segundo disse sua advogada ao Centro Knight, Lara Nochomovitz, não é incomum que, depois de concedido asilo, ele não seja libertado imediatamente.

Centro Knight entrou em contato com um oficial do ICE sobre a prisão de Valdés, no entanto, não recebeu resposta antes do fechamento deste texto.

Quando Valdés terminou de estudar jornalismo em Cuba, em 2014, começou a trabalhar na Vanguardia, um jornal estatal da província de Villa Clara, reportou o Diario Las Américas. Ao mesmo tempo, colaborou com a mídia independente OnCuba e El Toque. Em entrevista ao Diario Las Américas, Valdés disse que seus chefes o proibiram de seguir colaborando com as publicações “inimigas da revolução” mas ele não cumpriu a medida. Portanto, ele disse, foi suspenso com um mês sem remuneração e dois anos depois, em 2016, após inúmeras pressões de seus chefes, ele foi demitido.

Também foi despedido da estação de rádio e TV governamental da província CMHW, onde também trabalhava, reportou Cuballama.

Então ele começou a colaborar com os sites cubanos independentes Tremenda Nota e YucaByte. Valdés disse ao Diario Las Américas que, como seu trabalho como jornalista freelance não está alinhado com a mídia estatal, ele foi preso nove vezes. "Eles me acusaram de contrarrevolucionário e limitaram as minhas saídas do país", disse ele.

No entanto, Valdés conseguiu deixar Cuba para a Colômbia em setembro de 2018, para participar de um curso de jornalismo, como disse Michael K. Lavers, editor de notícias internacionais do site americano Washington Blade, ao Centro Knight. No final do curso, ele viajou para o México, onde morou por alguns meses. Lá, ele entrou em contato com Lavers e começou a colaborar com o site como correspondente mexicano, fazendo reportagens e vídeos.

"Ele é um jornalista muito talentoso", disse Lavers ao Centro Knight. As autoridades proibiram Lavers de entrar em Cuba, mas ele mantém contato com vários meios de comunicação independentes da ilha. Ele também disse que estava em constante comunicação com Valdés durante sua detenção.

Outro jornalista cubano independente que fugiu da ilha devido a ameaças e pressões das autoridades, segundo o jornalista, é José Ramón Ramírez Pantoja. Ele está no centro de detenção da ICE em Adelanto, no condado de San Bernardino, no sul da Califórnia, desder de 8 de maio, onde aguarda sua primeira audiência de pedido de asilo.

Recentemente, um grupo de jornalistas cubanos, pesquisadores, blogueiros, ativistas, entre outros, publicou um manifesto no qual demandam o fim da repressão contra jornalistas independentes.

Em 11 de setembro, o jornalista Roberto de Jesus Quiñones, repórter do Cubanet, foi encarcerado com uma pena de um ano de prisão depois de ser preso enquanto cobria um julgamento na cidade de Guantánamo. Outros jornalistas sofreram detenções arbitrárias.

Carlos Rodríguez Martínez, editor do site Tremenda Nota testemunhou em 23 de setembro numa audiência pública da Comissão Interamericana de Direitos Humanos em Washington DC, EUA, sobre a perseguição de jornalistas e ativistas de direitos humanos na ilha.

Rodriguez disse à Comissão que seu site está bloqueado desde 23 de fevereiro, um dia antes do referendo para uma nova constituição em Cuba. Ele também afirmou que foi preso várias vezes durante sua cobertura.

“Sabemos que é impossível trabalhar em Cuba como jornalistas independentes sem estarmos expostos à prisão, à tortura e ao assédio”, explicou, segundo o Washington Blade.

Outro jornalista cubano, Pablo Díaz, diretor do Diario de Cuba, com sede em Madri, Espanha, denunciou perante a Comissão que restringir viagens é outra medida que o governo cubano usa para punir jornalistas.

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